Estamos a 10 mil pés de altura, informa o comandante do voo que me traz de volta a São Paulo, depois de um giro pela serra (ou serras?) gaucha (s), onde fui lançar o livro.
Abro meu indispensável bloco de anotações para rabiscar algumas linhas – ainda temos hora e tanto de viagem.
Penso que talvez seja interessante alinhavar, das alturas, algumas considerações sobre a aventura de lançar um livro.
Aviso logo que não estou acostumado às duas coisas: tirar o pé do chão (sou péssimo dançarino) e botar banca de autor.
Faz 13 anos que publiquei meu primeiro e, até então, único livro – Às Margens Plácidas do Ipiranga – que, de resto, como preconizou o título, não me levou muito além dos limites do bairro histórico, ao qual devo muito do que sou como jornalista e cidadão.
Mas, essa é outra história que, por sinal, gostei de escrever e, principalmente, vivê-la tão intensamente ao lado de bons amigos.
Não, não se espante prezado leitor deste literal e improvisado diário de bordo.
Calma que eu chego lá.
É que, em essência, Meus Caros Amigos – Crônicas Sobre Jornalistas, Boêmios e Paixões pode ser considerado o lado B do livro de estreia. Naquele eu reúno textos jornalísticos que foram publicados em diversos veículos nos meus primeiros 20 anos de carreira. No atual, fecho questão nos bastidores da profissão que exercíamos com tanto vigor e um bocado de sonhos.
Nesses dias no Sul tomei parte da programação do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom) e pude conversar com jovens de todas as partes do nosso País.
Foi divertido o encontro – e algo revelador.
Alguns me confundiram com estudioso da área e me perguntaram sobre a minha linha de pesquisa.
Respondi como pude.
Que sou um moço (já não tão moço assim) humilde do Cambuci e que passei a vida a enfileirar letrinhas uma depois da outras depois da outra depois da outra… Enfim…Um inofensivo contador de histórias que vi, observei, vivi e (algumas poucas) até inventei.
Houve quem ouvisse a história e desistisse de comprar o livro.
Mas, houve também (uma morena bonita das Minas Gerais) que ficou encantada com a definição. E, entre um suspiro e outro, confessou toda intelectual:
— Adoro jornalismo literário!
Fiquei todo-todo, vocês devem imaginar.
Mas, a pergunta que mais ouvi foi sobre o que penso do jornalismo de hoje. É melhor ou pior do que dos tempos idos e vividos que o livro retrata?
Fui sincero na resposta.
Ser jornalista naquela época era mais um estado d’alma
Não sei se era melhor ou pior. Sei que era diferente.
É assim como escrever esse post usando uma caneta esferográfica e o papel reciclado no lugar do notebook.
Vale a verdade que este texto encerra.
O respeito a este dogma (a verdade) é missão e destino de todos nós, jornalistas.
Foi assim e sempre será assim.
Como o simpático piloto da aeronave, não podemos sair da rota.
Aliás, ele bem mais do que nós, se é que me entendem…
** Venda
MEUS CAROS AMIGOS – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões.
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