Foto: Andrew Parsons/ Primeiro-ministro inglês Boris Johnson em visita ao Dudley College of Technology
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Escrevi dia desses sobre jornalismo.
Os amáveis cinco ou seis leitores devem lembrar:
Malandro velho e vivido, não devia e não queria mexer em vespeiro ainda mais em plena a pandemia em meio a esse pandemônio.
Pois é…
Agora resta segurar as pontas. Que não são tantas e tamanhas, mas que me obrigam a volver ao assunto pelo meu ofício de alinhavar uma letrinha atrás da outra e também pelo (não tão distante) passado de professor na área.
Qual um tedioso oráculo, tento esclarecer as dúvidas (existenciais ou não) da rapaziada – e as minhas próprias. Que sou um poço delas.
Justifico:
Digo sempre – e carinhosamente – que um ex-aluno é para sempre.
Entonces…
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O Vina me visita no WhatsAap para, educadamente, perguntar como estou levando o tal isolamento social. Se estou bem e cousa e lousa e maripo(u)sa.
Depois, ágil, vai direto e reto ao motivo, creio, que o fez surgir das brumas do campus Rudge Ramos.
Pergunta se tenho visto TV, os noticiários?
O que penso do jornalismo de hoje?
Se o pessoal está pegando pesado mesmo?
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Resposta:
Vejo e leio o suficiente para me manter minimamente informado. Fazer uma análise do jornalismo que hoje se faz é bem complexa. Até porque ninguém fora de uma redação sabe exatamente como a banda toca lá dentro na hora do vamos-ver do fechamento da edição ou do noticioso.
Vários fatores precisam ser levantados e avaliados com consciência e senso crítico.
Como disse a vocês lá em cima, digo a ele:
Trata-se de um vespeiro mesmo.
Minha receita: confiar desconfiando.
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Respondi sem responder?
É do jogo dos generais que coabitam o Palácio do Planalto e das generalidades.
Mas, o meu interlocutor insiste em tom quase bíblico:
Como separar o joio do trigo?
Como se informar sem riscos de fake news?
Como faço?
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Como aquele doce enlatado da minha infância (três em um), sou objetivo e reúno as questões numa só resposta:
Basicamente eu me valho dos jornalistas em quem confio e dou fé. A saber: Bob Fernandes, Ricardo Kotscho, Jamil Chade, Jânio de Freitas, Veríssimo, Mino Carta e outros raros e atuantes nessa linha. Ainda, semanas atrás, outro bom nome, o jornalista Sérgio Augusto escreveu um artigo belíssimo em O Estado de S. Paulo em que destaca erros e acertos do Jornalismo hoje.
Aliás, ele o fez com bem mais propriedade do que eu consigo fazer.
Dê um Google, pois esqueci o título…
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Concordo com quem acha que, infelizmente, o Jornalismo também é responsável pelo descalabro social que hoje se vive.
Contribuiu, sim.
Jovem e intempestivo, Vina fala em madalenas-arrependidas.
Entendo a quem ele se dirige. Mas não sei de nenhuma Madalena entre os coleguinhas (que bem sabiam da diferença entre um professor e um opressor), menos ainda os vejo arrependidos.
Hoje tem muita gente fazendo o tipo não foi bem assim. Não era bem isso. Ainda cobram a auto-crítica alheia, mas ó… Ficam só no simancol.
A mim, lembram aquele pintor desastrado. Na ânsia de agradar ao dono da empresa e seus interesses ou mesmo por questões de foro pessoal, a turminha exagerou na demão de tinta – e as paredes da casa Brasil viraram essa aberração que hoje queima nossa imagem, como Nação, mundo afora.
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Esqueceram ou passaram o pano para uma lição básica e importantíssima: Jornalismo, seja em que plataforma for, deve sempre se pautar pela expressão do pensamento social, pela apuração rigorosa da verdade factual e pela defesa ampla e irrestrita da democracia.
Esses valores, quem é profissional de Imprensa sabe (ou deveria saber) que são fundamentais, preciosos.
Jornalismo não é troca de favores.
Não é o toma lá e dá cá. De interesses e simpatias.
Não pode se pautar única e exclusivamente por convicções e insalubres powerpoints.
Salvador da pátria, nem em novela mais.
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Jornalismo é oposição, Vina.
“O resto é armazém de secos e molhados” – como ensinou lá nos idos de 60 o grande Millôr Fernandes.
Repetia esse pensamento nas aulas à exaustão.
Esqueceu?
Abraços.
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O que você acha?