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Conversa teclada

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O amigo Nestor mora em Brugges, um encanto de cidade na Bélgica.

É um amigo de infância que não via há milênios.

(Nós, do Cambuci, somos assim, exagerados)

Quando nos encontramos, em Lisboa, também faz um tempinho, ficamos de nos falarmos, via engenhocas sociais, com mais frequência – vã promessa, não cumprida. Embora vez ou outra, arriscamos um “Olá, tudo bem?”.

Ontem à noite, um tantinho antes da final da Copa do Brasil, vencida pelo Palestra Itália de Minas, o Cruzeiro, mandei um zap pra ele…

A partir daí, saiu uma conversa teclada que faço questão de reproduzir aqui, digamos, em seus melhores momentos.

Acompanhe:

– Olá, tudo bem?

Ele:

– Tirando o meninão da Coréia do Norte, o Trump, o avanço dos radicais de direita na Alemanha, a insegurança que vivemos, por aqui, com medo dos atentados, tudo relativamente bem. E por aí?

Eu:

– Por aqui? Tirando o Temer, a quadrilha que se aboletou no poder, o cinismo que viceja nos três poderes, a precarização das leis trabalhistas, o estado de guerra que vive o Rio de Janeiro e a violência urbana que afeta a todos, vamos indo, com a cara e a coragem.

Ele:

– Desconfio que o Planeta padece de uma total falta de encantamento. Penso que os da nossa geração desenvolveram, ao longo dos anos, a capacidade de sonhar e acreditar. Hoje, vejo a turminha com o nariz enfiado no celular, sem controle, deixando a tal Rede nos levar.

Eu:

– Mesmo com o alerta do John Lennon (“O sonho acabou”), tínhamos a capacidade de sonhar e, na esteira do mais lúcido dos Beatles (“Imagine”), também passamos a acreditar na construção de um mundo melhor. Concorda?

Ele:

– Sonhávamos ou fantasiávamos? Sabe a diferença, né?

Eu:

– Penso que sim. Mas, ando sem certeza alguma sobre tudo.

Ele:

– Eu dizia sempre a uma moça quando era moço também: “Não se iluda. Não me iluda”.

Eu:

– E ela, onde anda?

Ele:

– Faz aniversário hoje, acredita?

Eu:

– Se você diz… Mas, e aí, onde anda?

Ele:

– Desencantou-se de mim. Não se apegou a ilusões. Mora em Dubai. Casou com um xeique…

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