Sabem o rapaz da ‘Conversinha’ de ontem?
Pois então, eu o reencontrei hoje pela manhã assim que cheguei à Universidade.
Chama-se Severo, “mas é só o nome”, ele me diz.
II.
Diz mais.
Gostou das surpresas que lhe fiz. O texto e, principalmente, a música.
“O Djavan sabe das coisas”.
III.
Vejo que seus pensamentos vão longe quando faz o comentário.
Me apresso a agradecer pela audiência, e ele, em silêncio, continua na viagem por insondáveis paragens mentais.
Quando penso em me despedir, Severo retorna ao Planeta Terra e solta a pergunta que parece lhe fustigar a alma e o cuore.
– Você, que é escritor, tem livros… Você acredita em outras vidas, outros planos, nos tal do destino… Acredita?
IV.
Huuummmm!
Que bola dividida!
Perguntinha cabulosa.
Não quero me comprometer. Menos ainda perder um dos meus amáveis e raros cinco ou seis leitores que ora se materializa em um ser repleto de questionamentos existenciais.
Além do que, adorei ser chamado de “escritor”, ter meus livros citados e alguma suposta importância, sabem como é? Custou, mas alguém reconheceu.
Vou fundo na resposta:
“Não acredito, nem desacredito”.
Vai de cada um, não é.
Me empolgo e continuo, só na conversinha:
“Acredito na linguagem do invisível, na intuição, nos sinais que a vida se nos apresenta.”
V.
O sujeito arregala os olhos e balbucia:
– Faz sentido, faz sentido…
Ele parece se dar por satisfeito e faz menção de ir embora. Mas, agora, a curiosidade é minha:
“O que faz sentido? ”
– O que uma moça me disse, e não me sai da cabeça…
Eita, que minha curiosidade só aumenta!
VI.
“E o que foi que ela lhe disse? ”
Percebo que ficou tristinho e constrangido até.
– Ela disse que… que… que temos algo em comum de vidas passadas. Pode isso, amigo?
VII.
Ai, ai, ai… Que papo estranho!
O que digo a ele?
Não serei eu, a quem chamou de escritor e amigo, outro a iludi-lo.
Vou fundo na resposta:
“Poder, pode, meu camarada. Mas, o passado passou. Se vocês não viverem o hoje, certamente não terão o amanhã.
VIII.
“Bom dia, Severo”
– Bom dia, escritor.
*(foto: jô rabelo)
O que você acha?