Foto: Arquivo Pessoal
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Tínhamos lá nossos bordões na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.
Um deles usávamos sempre que precisávams deixar claro ao interlocutor a essência das coisas e dos inter-relacionamentos.
“Quer espetáculo, vá no circo.
Quer romance, leia um bom livro.
Quer amor, procure o colo da mãe.”
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Éramos jovens e algo inconsequentes.
Imaginávamos o mundo a girar em nossas vãs filosofias de botequim.
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Faço a introdução para ilustrar o comentário de hoje sobre os jogos de ontem.
Pela Eurocopa, Inglaterra 2 x 1 Holanda.
Pela Copa América, Colômbia 1 x 0 Uruguai.
Permitam-me alguns pitacos.
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Assisti aos jogos pela TV aqui onde me escondo ao pé da Serra da Bocaina.
Dia e noite invernais. Algum chuvisco e outro tanto de névoa.
Cenário inspirador para ficar em casa e algo tedioso para ler um bom livro.
Melhor seguir as emoções das semifinais de um e outro torneios.
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Sejamos sinceros, como de costume.
O que não faltou foi emoção à flor da pele em ambos os cotejos.
Me envolvi mais com a vitória da Colômbia sobre o Uruguai. Talvez por causa do Richard Rios que joga no Palmeiras. Talvez porque achei o juizão deu mole para boleiros uruguaios que bateram sem dó, nem piedade. Talvez porque veja a seleção colombiana como a única capaz de derrotar a da Argentina na finalíssima de domingo à noite.
Gostaria de ver a Colômbia com o título da Copa América deste ano.
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Ponto – e basta.
Paro aqui com minhas preferências.
Retorno e justifico a nossa introdução.
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Literal e idilicamente há um oceano a separar as duas competições.
Para mim, um humilde escrevinhador, ficou claro.
Quer ver o esteio do futebol contemporâneo, estádios nos trinques, gramados perfeitos, o VAR ultramoderno, equipes bem-organizadas em campo a contemplar o sistema de jogo e o coletivo, bola rolando sem grandes lamúrias e rodinhas de boleiros reclamando – e ainda com boa dose de emoção? Então veja a Eurocopa.
Se preferir o que há de resquício do futebol do século 20 – estádios improvisados, gramados assim_assim, tamanho diminuto do campo de jogo, lances mais disputados do que jogado, alguma deslealdade num ou noutro lance, reclamações sem fim de todos lados, juízes apitando sem grande convicção na base do ‘segue o jogo’ e o coração… ah, o coração na ponta da chuteira….
Neste caso, fiquemos com a Copa América.
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Ok, caros e preclaros.
Tudo é futebol.
Mas, reparem.
É igual, mas diferente.
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Onde fica o futebol brasileiro nessa toada?
Sinceramente, não sei.
Um tanto lá, outro muito tanto cá.
Tristemente encolhido no colo da mãe ausente CBF.
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O que você acha?