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Crônica de Viagens – na Champs Éllysées

Fotos: Arquivo Pessoal

26 – Muvuca na mais famosa das avenidas

Já estamos em Paris e o que mais temos feito é caminhar e caminhar, além de visitar museus e igrejas.

Por isso talvez me sinta à vontade para fazer um mea-culpa e assumir a minha indisciplina na viagem e na vida.

Como bem perceberam os amigos leitores me é impossível um rigoroso diário de viagem.

Mas não deixarei de escrever.

A partir de agora, vou resenhar minhas anotações sem a preocupação cronológica e/ou mesmo a de um texto escorreito.

Isto posto, passaremos às breves observações.

1. Viajar é a melhor coisa do mundo.

2. Chegar em Paris é o melhor da viagem.

(Por mim, gostaria de ficar por aqui alguns dias a mais. Me deixar envolver pelo dia-a-dia da cidade que é linda. Mas o roteiro, ao que consta, nos levará para outras paragens. Então, farei o melhor: aproveitar o tempo que nos resta na Cidade Luz.)

3.  O réveillon na CHAMPS ÉLLYSÉES.

É diferente, sim. Mas, um tanto assustador.

Diferente mesmo porque se vê gente de todas as partes do mundo e lá estamos sob a égide da Torre Eiffel à distância na mais famosa avenida do planeta. Aliás, um mar de gente encapotada e de garrafa nas mãos – como se bebe! –, que se espalha até aonde nossos olhos podem ver.

À meia-noite, é o fuzuê. Sem o ritmo e sem a nossa ginga ao som do espocar das rolhas do champagne. Grupos e grupos de turistas. Muitas famílias. Muitos casais. Infindáveis parisienses de etnias diferentes a saudar aos gritos e berros (algo desesperados) o novo ano e, de alguma forma, a imensurável saudade do país de onde vieram.

Em alguns momentos, pensei que fosse virar um quebra-quebra generalizado. Mas, na verdade, era só o jeito dos caras comemorarem. Aliás, o vaivém constante sugere a impressão que todos começamos o Novo Ano a percorrer a célebre trilha que vai do nada a lugar nenhum.

4 – Nós, por exemplo.

A certa altura, caminhamos rumo a Tour Eiffel. Quando lá chegamos, não havia mais a iluminação que, vista de longe, lhe dava um encantamento especial, adequada à época. Resignados, ouvimos que as luzes piscaram até à meia-noite. Dali em diante, a torre famosa fez-se vulto e as sombras tomaram todas aquelas paragens.

– Ô mesquinharia – disse um dos nossos.

A turma dos otimistas preferiu louvar a caminhada e os votos de “bon anée” que ouvimos e desejamos a todos com quem cruzamos pelo caminho. Entre estes, estava um casal de brasileiros, com os dois filhos aborrescentes. Também aí as opiniões se dividiram. O pai com ares de todo o cuidado é pouco. A mãe, por sua vez, até tentava uma alegria fora de hora e/ou principalmente local — talvez pensasse nas comprinhas da Galerie Lafayette. Ensaiava uns passinhos toscos sob os olhares de reprovação das crianças. Nelas, era visível o desconforto e a lembrança da farra que poderiam estar fazendo, naquele preciso instante, se estivessem no Brasil com os amigos.

Enfim, c’est la vie…

* Publicado originalmente em 16/07/2007

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