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Crônicas de Viagens – Madrid/Reina Sofia

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Foto: Arquivo Pessoal

51 -Mulher à Janela

Não sei escrever sobre artes plásticas – aliás, por vezes, desconfio se sei escrever.

Mas, como meu ofício e equívoco tem sido passar a vida a enfileirar uma letrinha após a outra, após a outra, após a outra… Tarde demais para entrar no mérito desta questão.

Recomecemos do princípio, pois.

Um assunto leva a outro e a outro – e assim não chego a lugar nenhum.

Vou tentar de novo.

Não ousaria escrever sobre arte – a bem da verdade, pouco ou nada entendo do assunto. Que me recorde, só comprei um quadro em minha vida. Esqueci o nome do autor, retrata uma caravana de tuaregues no deserto. Vi ali um quê de mistério. Desconfio que me levou à infância quando me imaginava um desses nômades e trazia uma ádaga a tiracolo. Não me imaginava mocinho ou bandido, apenas um aventureiro a perambular por dunas e inclementes raios solares.

Talvez houvesse uma princesa de olhos de jade nessa história.

Talvez…

Não ousaria escrever sobre arte – mas, já que estamos na rota dos museus de Madri, tomo coragem e tento descrever o que representou a este humilde cronista a obra Mulher à Janela, de Salvador Dali.

Foi amor à primeira vista quando a vi no MUSEU REINA SOFIA na dita-cuja e encantadora capital de Espanha.

Desde então venho adiando o desafio de falar sobre a tela.

Hoje, resolvi enfrentar a tarefa e, como bem podem perceber, ainda estou assim-assim, sem coragem.

Enfim…

Surpreendeu-me a simplicidade da cena, tão densa quanto real. Faz contraponto ao bendito surrealismo que sempre associamos ao ouvir o nome de Salvador Dali.

Ainda no Reina Sofia, ouço que a tela pertence à primeira fase do artista catalão (1904/1989), quando ainda estava envolvido com o naturalismo. Mas, já trazia em si o prenúncio do fantástico e do lúdico que marcaram as obras posteriores.

Que estou a fazer?

Não vá o sapateiro além das chinelas.

Não sei escrever sobre arte – por isso é melhor não me estender.

Direi apenas que a moça, para este humilde escrevinhador, se faz tão enigmática quanto a Mona Lisa, do Louvre. Com a diferença que, de repente, estamos do lado de cá da janela, tão próximos e tão alheios; como ela, atemporal e cúmplices de um eterno esperar.

Bonito quando o artista captura o sublime de um momento cotidiano – e, sem cerimônia, o transforma em obra e, assim, o eterniza.

* Nosso Blog completa hoje 14 anos. Beira os 4 mil posts. Sigamos! Ah, se me coubesse o dom de fazer um crônica assim tão fugaz, tão simples, tão amorosamente verdadeira…

* Baseado em post originalmente publicado em 14/08/2008

 

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