15 – Dez dias pelo Norte da Itália
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Como sempre quando viajo, levo comigo um bloco de anotações – resquício do velho repórter vira-lata que fui e, desconfio, sempre serei.
Na verdade, gosto de registrar ideias que surgem para eventuais textos que, um dia, imagino escrever.
Não obedeço qualquer disciplina para meus rabiscos.
O que não representa grande novidade.
Sou absurdamente caótico em tudo o que faço – e até no que deixo de fazer.
Quando viajei no início do ano, não foi diferente.
Lá estavam, em meio às minhas tralhas, o bloco e a caneta esferográfica.
A novidade foi que, desta vez, os dois voltaram intactos.
Não fiz um registro sequer em minhas andanças de 10 dias pelo NORTE DA ITÁLIA –
Milão,
Como,
Bergamo – e…
… até por arredores suíços numa inesquecível viagem de trem até a pacata Lugano.
Não faltaram motivos e personagens; lugares e sensações.
* a propósito leiam A VILA
Sei lá!
Sei que, à época, nada escrevi.
Deu tilti.
Talvez fosse a arrepiante expectativa de enfrentar as nevascas e as temperaturas negativas que, embora amplamente anunciadas, felizmente não aconteceram naquela parte da Bota no período em que, por lá, perambulei.
Talvez fosse a indescritível beleza do Duomo em Milão ou a brancura dos Alpes a fatigar alma e olhar impactados à janela do avião, prestes a aterrissar no aeroporto de Malpensa.
Talvez fossem os dedos congelados pela incorrigível mania de perder as luvas a cada vez que paro para tomar um indispensável ‘expresso’.
Talvez…
Talvez naqueles dias que agora se fazem evanescentes pensares, eu me sentisse como hoje me sinto: apenas um homem comum. Sem eira, nem beira e assunto para tocar a crônica e a vida.
Acontece, meus caros.
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* Publicado originalmente em 04/03/2010
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