Foto: Rubem Braga/Divulgação
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Dr. José Reis me encaminha o link da coluna Julián Fuks no portal UOL no dia 7 agora.
O título é:
O soriso desaparecido de Rubem Braga
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Não sei se o texto está liberado para todos.
Por isso tomo a liberdade de transcrever um trecho bem representativo de toda a crônica:
“Era estranho, era injusto que um homem como esse não tivesse o hábito frequente de sorrir, se tanta beleza e tanta ternura via no mundo, e se conseguia traduzi-las em palavras perfeitas para todo tipo de contentamento”.
Explico:
O autor, depois de pesquisar as tantas quantas imagens de Rubem Braga (1913/1990) à disposição nas plataformas digitais, constatou que o cronista nunca aparece sorrindo, está sempre de semblante sério e compenetrado – e isso o surpreendeu diante das preciosidades líricas, de romântica singeleza e ternura que o nosso melhor cronista escreveu vida afora.
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Verdade verdadeira.
Em suas crônicas Braga nos fala à alma, tamanha sensibilidade que insere em seus textos, todos para ser publicados em jornais e revistas e, com o passar dos anos, se transformaram em coletâneas de deliciosa e comovente leitura.
É, sem dúvida, minha grande referência – e, creio, para Fuks e todos os autores que se arvoram a prosear mais intimamente com os leitores.
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Volto ao amigo de longa data e tantas jornadas, o Zé Reis.
Ele leu, gostou do que leu e lembrou-se da minha admiração por Rubem Braga.
Daí me encaminhar o texto que achou “bem legal”.
Parece-me que o Reis está em dúvida sobre a perene sisudez de Braga.
“O sorriso na vida das pessoas é essencial.”
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Boa, Reis, é isso aí.
Só que a fama de Rubem Braga sempre foi essa mesma: a de ser um cara ensimesmado, casmurro, sempre a ruminar as próprias ideias, talvez a bolar os desvãos da próxima crônica, talvez a observar a tudo e a todos num silêncio, por vezes, sortudo.
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O curioso é que Braga era um cara fraterno, de larga convivência com os muitos amigos. Estão na lista: Vinícius de Moraes, Di Cavalcanti, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Portinari, Sérgio Buarque de Holanda entre outros ilustres de letras e de artes.
Todos frequentavam a famosa cobertura onde Braga morava em Copacabana.
Era o ponto de encontro da turma.
Nunca reclamaram da hospitalidade.
Ali, encontravam o uísque sempre à mão.
Mas, nem sempre usufruíam da companhia do dono do apartamento, refastelado em sua rede e entregue às próprias divagações.
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Braga tinha vários apelidos: o Sabiá da Crônica, o Velho Braga, Seu Rubis, o Fazendeiro do Ar (fez uma horta e plantou árvores em sua cobertura) entre outros.
Nos dias em que estava mais avesso às conversas, os amigos o tratavam pelo codinome de “Urso”.
“O Urso está hibernando” – não raro diziam.
E deixavam a fera às próprias tribulações.
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Destaco três livros que nos levam a conhecer melhor Rubem Braga:
* Rubem Braga – Um Cigano Fazendeiro do Ar. Autor: Marco Antônio de Carvalho. Editora Globo/2007
* Na cobertura de Rubem Braga. Autor: José Castello. Editora José Olympio/1996
* Caderno de Literatura Brasileira – Rubem Braga. Instituto Moreira Salles/ maio de 2011
Boa leitura!
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Trilha Sonora
Alceu Valença inspirou-se na crônica “Ai de ti Copacabana”, de Rubem Braga, para compor mais esta bela canção/homenagem.
O que você acha?