Da tristeza que balança emanam
todos os sons
todos os silêncios
todos os sonhos
todos os pesadelos
todas as letras
todas as palavras
todos os textos
todos os mantras
todas as artes –
especialmente, poesias e canções
Todas, todas.
Da tristeza que balança nascem
todas alegrias
(menos uma – adivinha?)
todas as certezas
todos os equívocos
e o maior dos enganos
Quem errou o quê?
.
Da tristeza que balança surgem
verdades mentirosas
mentiras verdadeiras
imaginação/realidade
invenções
saudades.
Da tristeza que balança/estilhaços
de emoções
tédio – que remédio!
deleites
aflições
sensações
sentimentos.
Amor, inclusive.
Ódio, por quase um segundo.
Da tristeza que balança vêm
a aspereza do não
e o sim que ficou assim assim
(era pra vir e não veio)
Daí…
toda a solidão
o desencanto todo
todas as idas
todas as voltas
(menos uma)
todo o tempo que se perdeu.
Da tristeza que balança recendem
o óbvio e o ululante
a luz do sol, o luar
o brilho das estrelas
a tela do computador
na sala escura.
Da tristeza que balança vergam
sombras a enfeixar as cores
desejos que se apagam
lenta e doidamente
no oco do mundo.
Da tristeza que balança
todas as cenas
todas as lembranças
e o que chamam vida.
(Que vida!)
Todas as lágrimas
da espera da esperança
do desespero de não mais esperar
até lá sabe Deus quando.
Até a tristeza não ser mais triste não.
…
(A partir da audição de “Samba da Benção”, de Vinicius e Baden Power, num vôo Brasília-São Paulo. Com a certeza insofismável de que “é melhor ser alegre que ser triste”. )
O que você acha?