"A criança olha
para o céu azul.
Levanta a mãozinha.
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
que o céu é ilusão:
crê que o não alcança,
quando o tem na mão."
(Manuel Bandeira)
I.
Noite dessas, a moça Esperança veio me visitar.
Poderia se chamar Surpresa ou mesmo Sedução,
dado o encantamento que se deu assim que a vi…
Na recepção do lugar onde trabalho,
anunciaram um nome qualquer,
comum – mas logo percebi quem era…
Talvez pelo esmeralda dos olhos…
Talvez porque não a esperava tão cedo…
Certamente, pela harmonia que trouxe
em forma de silêncios pausados…
Durou pouco a visita.
Ela logo se foi e disse que
iríamos conversar outras vezes…
Tangenciamos o PASSADO.
Adiamos o PRESENTE.
Restou o futuro.
O imprevisível FUTURO…
Real e etéreo, como o perfume que ficou em toda sala,
a fragrância das flores que emanam
um quê de promessa…
Que bom…
II.
Ontem, ganhei uma caneta.
Dessas que tem nome e sobrenome.
Veio com o fim das aulas e também com um recadinho…
“Agora, vê se usa, tá.
E pára de pedir a caneta emprestada
para os alunos. Um jornalista sem
caneta não dá, né. Imagine um
jornalista e professor!!!”
O PRESENTE aqui se fez em boa hora.
Promete corrigir o descuido do PASSADO.
Tomara, venha com a carga encantada
de boas palavras para escrever um FUTURO melhor.
Para todos nós.
III.
Também ganhei um abraço apertado…
Mas, tenham paciência e deixem de ser enxeridos.
Porque naquele brevíssimo instante, o Sr. Acaso
me fez perder a noção do tempo, outra vez…
PASSADO e PRESENTE desapareceram.
Fiquei assim, magicamente
abestalhado, a fazer previsões para o FUTURO…
Sem noção.
Tal e qual uma criança que se encanta
com o azul e toda se estica tentando alcançar o céu…