Maraca vazio. Os times em campo. Torcedores de todas as idades lá fora açodados por bombas, cassetetes e cavalarianos.
E os Senhores do Poder, os responsáveis, longe de tudo e de todos.
De quem é a culpa?
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Nada mais tristemente representativo do momento que vive o futebol brasileiro do que as cenas lamentáveis que ontem ocorreram nos arredores do estádio do Maracanã antes da final da Taça Guanabara entre Vasco e Fluminense.
Nada mais representativo do que vive hoje o Rio de Janeiro – corrige o Marceleza, torcedor do Flu e visivelmente desalentado com o tumulto.
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– Ainda bem que não fui.
O que mais lamenta o amigo é a postura do juiz (ou juíza) plantonista que diante do imbróglio e, sem conhecimento profundo da questão, determinou o fechamento dos portões do Maraca e a realização da partida sem público.
– Paulista, meu querido, citando o velho Raul, até as pedras que choram sozinha no mesmo lugar sabiam que ia dar no que deu. Ia sobrar pra quem ainda faz do futebol seu respiro de vida.
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Concordo em gênero, número e grau, com o amigo, via de regra, um cara de bom astral, piadista – e sempre disposto a alegrar os papos e a vida.
Uma insanidade.
Aliás, cumpadi, vou dizer: fica difícil saber quem é o maior cabeça-dura da história. Se a Federação, se o Vasco ou o seu querido Tricolor pra quem, aliás, diante da TV, acabei por torcer na hora que a bola rolou.
Todos têm lá larga culpa nessa questão que, ao que leio hoje nos jornais, se arrasta desde 2013.
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Mas, plenamente de acordo contigo, o que mais machuca é ver nosso Judiciário distante das vozes e querências do povão. A mostrar-se formado por uma casta insensível ao bom senso e à realidade dos fatos.
Quem em sã consciência poderia determinar o Maraca vazio numa tarde de domingo em que se enfrentam Vasco e Fluminense numa final de torneio?
Detalhe: com mais de 30 mil ingressos vendidos!
Parei!
Mais representativo do que acontece no futebol (que é triste) ou mesmo nas ruas e becos do Rio (que é deplorável), o que vimos ontem, estarrecidos, é outro doloroso retrato do nosso Brasil que começou este 19 molestado por escândalos e tragédias. E sem qualquer perspectiva de dias melhores.
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É, amigo Marceleza dos idos em que editávamos o Rudge Ramos Jornal, melhor ouvir Raul e tentar salvar a segunda. Abraço fraterno.
O que você acha?