Entre as manias que tenho, uma é o prosaico hábito de recortar as reportagens dos jornais e revistas que leio – e que considero, sei lá por quais critérios, mais interessantes. Vou armazenando as folhas ali, num canto da estante do escritório, até que um dia eu possa lê-las com mais calma e atenção – coisa que, já adianto, raras vezes acontece,
Em alguns casos, eu seleciono as notícias pensando que, mais cedo, mais tarde, podem me servir de base para alguma crônica ou mesmo usá-las em sala de aula.
Faço logo o méa culpa. Como diria meu saudoso vô Carlito, ‘na grande maioria das vezes’ fico só no hábito e na intenção.
E o resultado é o óbvio: o tempo passa, a pilha aumenta, os recortes ficam amarelos e, vez ou outra, sou obrigado a dar uma limpa geral para que se restabeleça minimamente uma ordem no lugar.
Foi o que ontem aconteceu.
Antes de encaminhar os ditos-cujos para a reciclagem, passei os olhos por alguns deles e peneirei algumas preciosidades que trago hoje para vocês.
II.
Vejam, por exemplo, o que pensava Felipão em abril passado, numa entrevista que concedeu ao repórter Martim Fernandez, da Folha de S. Paulo. Em dado momento, o jornalista lhe perguntou se temia ‘deixar de ser o técnico que ganhou a Copa de 2002 para virar o que perdeu em 2014’.
– Se eu pensar dessa forma… O cara que vendeu um terreno na avenida Paulista, por 50 milhões, nunca mais vai vender terreno? Passou. Aquela Copa foi ganha, terminou, vou atrás de outro objetivo. Tenho que pensar de forma otimista, que vou ganhar. E, se perder, será porque não tive qualidade, meus jogadores não foram superiores aos outros. Não tenho esse medo.
Tanta discussão depois daquele 7 a 1 e, agora, a gente vê que a explicação já havia sido dada antes mesmo de o fato acontecer.
Simples assim.
III.
Mudemos de assunto.
Façamos, ainda que tardia, nossa modesta homenagem ao músico Zé Menezes que faleceu em julho, aos 92 anos. O violonista era autor do tema de abertura de “Os Trapalhões”, entre outras obras relevantes.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o cantor/compositor Paulinho da Viola deu o seguinte depoimento:
“Ele foi uma figura ímpar e muito importante na história da música brasileira, é uma perda muito dura para nós. Nos falamos há cerca de um mês. Era o último daquela geração, tocou com Radamés (Gnattali), além de ser um excepcional compositor”.
IV.
Para terminar, um pouco de doçura e sensualidade.
Shakira, falando em julho a Marília Neustein, de O Estado:
“Minha história com o Brasil já é de alguns anos. Gosto da reação do público brasileiro – que dá tanto valor a essas músicas (Estoy Aqui e Pies Descalzos). Elas foram o meu cartão de apresentação aqui neste país. Foram as portas que se abriram para mim. Isso é uma das coisas que me fazem amar tanto o Brasil. Até me sinto um pouco brasileira”.
– E como foi consolar o marido, Gerard Piqué, depois da eliminação da Espanha (da Copa)?
“Foi uma lástima para todos, especialmente para Gerard. Mas eu tenho minha maneira de consolá-lo (risos)”.