Foto: cena do filme Blackbarry – Ascenção e Queda
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Toca o celular na manhã deste sábado.
Demoro a atender, pois há tempos isso não acontece.
Quando acontece, nenhuma novidade, sei bem o que é.
Mais um spam.
Desses que o prefixo é 3030 e logo surge o alerta: ‘suspeita de fraude’.
Sinal dos tempos.
Ninguém mais fala ao telefone.
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Aproveite a deixa.
Bom tema para o post de hoje.
Sigam-me os bons!
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O que é a modernidade…
Dia desses recebi a ligação do amigo Almir Guimarães no zap.
Antes que eu posso atendê-la, aparece as desculpas do próprio Almir:
“Dedo nervoso”.
Acontece.
Sou useiro e vezeiro em cometer esses deslizes.
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O Durvalino me encaminha uma mensagem de voz.
De exatos 20 segundos.
Desconfio que ele estava com pressa. Pode ser algo urgente.
Clico para ouvir:
Vozes ao longe conversam uma conversa inteligível.
Olaia.
Outro vacilo que, vez ou outra, também cometo.
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Esqueço de levar o celular na sessão de fisioterapia de ontem – e preciso voltar pra casa para apanhá-lo.
Motivo.
Antes de iniciar os exercícios, preciso passar o tocken que o Plano de Saúde me envia para liberar o acesso ao atendimento.
Por sorte, moro perto da clínica.
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Há anos e anos não vou a uma agência bancária.
De resto, faço quase tudo via net, via celular.
Leio as notícias, acompanho a coluna do Ruy Castro, me informo sobre o Palmeiras na chamada e isenta mídia palestrina, vejo um punhado de vídeos tolos no YouTube (perda de tempo?), ouço zilhões de músicas antiguinhas que mal lembrava que existiam, mando e recebo dezenas de zaps, participo de meia-dúzia de grupos de amigos, vez ou outra até escrevo o post no aparelhinho.
Enfim…
O celular é onipresente.
Aliás, imagino que seja assim também com o amigo leitor e a amiga leitora.
Não sei.
Seria essa a chave do dito novo normal?
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Única coisa que sequer me lembro de ter feito:
Quando foi a última vez que conversei com alguém ao celular.
Ou seja: a função precípua para o qual inventaram o ‘bichinho’, hoje, é meramente decorativa.
Se não for isso, é quase isso.
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Gosto de imaginar coisas.
Fico intuindo como devem ser as DRs dos casais de hoje.
Dedos nervosos?
Troca de aúdios?
Vídeos-chamadas?
Sei não.
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Lembro que, quando havia alguma coisa mal-parada na relação, lá nos antigamentes, os pombinhos distantes ficavam horas e horas ao telefone.
Tinha lá certo encanto, não?
Quando foi isso, meu Deus?
20, 30 anos atrás?
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Fico remoendo essas bobagens enquanto assisto ao filme Blackberry – Ascenção e Queda na Amazon Prime.
Desconfio que a produção seja de 2023.
Inspirada em fatos reais.
Narra a criação da ‘maquininha revolucionária’ que reunia, numa só caixinha, pager, e-mails e telefone.
Uma revolução.
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Nasceu em 1996 e teve seu ápice no ínico deste século, conquistando mais de 45 por cento do mercado mundial de celulares.
Desapareceu em 2012, sob o implacável domínio dos iPhones.
É legalzinho, assistam!
Parece que foi ontem, amigos.
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Julio
9, março, 2024Analfabeto digital
Faço parte de uma geração em que a digitalização do cotidiano aparecia somente em livros de ficção científica ou nos desenhos animados de Os Jetsons!
Estou naquele grupo que, em casa, tomava cuidado para mudar o seletor de canal da velha e boa TV Strauss, adquirida com o suor do rosto do meu saudoso pai, pois fazia muito barulho e, à noite, temia acordar meus progenitores com o barulho infame.
Integro, na definição atual, o grupo de analfabetos digitais. Homens e mulheres que foram alfabetizados no sistema analógico, por meio de tabuadas…e reguadas da professora exigente.
Sou do tempo em que o cheiro das páginas envelhecidas de um livro, muitas vezes, seduzia mais do que a magia das palavras do autor da obra, nos remetendo para a época da história contada.
Mas veio a digitalização. E, volta e meia, assim como meu irmão-amigo Rodolfo, dou umas engasgadas no dedo na hora de enfrentar as teclas do smartphone, do iPad ou congênere.
O aprendizado é longo. Mas, como dizia Mário de Andrade, tenho mais passado do que futuro. Então, danem-se os teclados, pois, para guardar alguém no coração, não é preciso dedilhar nada….
rodolfo
9, março, 2024Que lindo, amigo-irmão Júlio.
Sensíveis reflexões sobre os vários tempos que vivemos a um só tempo.
Feliz em ler você aqui.
Atenua a saudade imensa dos nossos papos, dos nossos cafés ao fim da tarde,
Atenua, mas a bendita permanece latente.
Divirta-se pelas plagas do Velho Mundo.
Você e a Meg merecem.
Beijo nos amigos.
Grato sempre pelo carinho e amizade.
Veronica
11, março, 2024Não me acho tão analfabeta digital, embora devo sê-lo para a moçadinha, mas me pega a leitura no celular. Odeio. Como ler no papel é gostoso!