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Democracia, sempre

Falei ontem, neste posto de observação, sobre as convicções adhemaristas do meu saudoso pai, nos idos dos anos 50.

— O Brasil precisa de um gerente, dizia o velho Aldo àquela época – aliás, continuou a repetir o bordão vida afora. Morreu, e não viu o País nos eixos, como tanto preconizou.

Ano passado, o jornalista Mino Carta veio a São Bernardo participar de um encontro com estudantes do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Tema da palestra: 30 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog nos porões da ditadura.

Na ocasião, Mino lembrou que, apesar de todos os pesares, vivia-se um momento em que se ousava sonhar com um país mais justo, mais solidário, mais contemporâneo. Para tanto, destacou, a consolidação do estado democrático seria a pedra filosofal. A partir daí, se extirpariam todos os males sociais.

Ledo engano.

Meu primeiro editor, o jornalista Antônio de Oliveira Marques, gostava de contar a história que viveu no dia do suicídio do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 54. Ele e outros militantes do Partido Comunista editaram um jornal de uma só folha e uma só notícia. E saíram pela cidade a espalhar a convocação:

— Que o Povo saia às ruas e tome para si o destino da Pátria.

Hoje, fomos às urnas sem convicções claras, sem sonhos. E, desconfiados até o talo, de que somos capazes de reger, com nosso voto e nossa participação, o destino da Pátria.

O desalento, parece, venceu a esperança. Mas, há que se reconhecer: o pleito foi outra conquista da nossa tenra democracia. E este é o unico caminho que nos resta seguir. Sempre…

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