Foto: Arquivo Pessoal
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Arlene comenta o post de sábado.
“Vamos em frente pois brasileiro não desiste”.
Recebi outros generosos recados de amigos e leitores em vista do post Brevemente.
Todos demonstraram fé no amanhã apesar de todos os pesares. Mesmo que andassem, como este humilde escriba sem rei, algo desconsolados com o passo e o caminho – triste caminho -que hoje percorremos.
Verdade, Arlene, nossa incrível capacidade de apostar no sonho e no intangível é que nos faz seguir em frente.
Somos da turma do ‘na volta a gente compra’.
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Como assim?
Deixa que eu lhes conto:
No tempos em que o real era quase parelho ao dólar – lembram desse período? Então só os ‘tubarões das exportações’ e os agiotas não gostavam dessa paridade. Por que será?
Pois bem, nesse tempo, não precisava ser bacanudo para que pudéssemos dar nossos pulinhos ao Exterior.
Lotávamos os aeroportos, lembram?
Pois bem…
A tigrada ficava indignada com “tantos pobres e remediados” ziguezagueando por tão nobre área.
“Isto aqui está parecendo uma rodoviária”, ouvi certa vez de uma senhorinha.
Pasmem!
“Tem gente de bermuda e chinelão por aqui.”
Indignavam-se!
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Não era eu.
Ou era?
Enfim…
Nesse período, enquanto o voo não partia, ficávamos ali pelos escaninhos do freeshop só no deslumbre. A olhar, gulosos e entusiasmados, a gama de produtos que, cá fora, na vida real, pagaríamos duas, três vezes mais, acrescidos os inevitáveis impostos.
O vinho, o whisky, o chocolate suíço, o relógio, o óculos de sol, as engenhocas eletrônicas…
Tudo por ali, à mercê dos nossos olhos e, com algum sacrifício, das nossas mambembes posses.
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Era nessa hora, no preciso instante que o impulso nos dominava, dava-se o que sempre acontece nas mentes dos sensatos ou dos que têm amigos e familiares, como eu, igualmente afinados com o ponderável:
– Não é melhor segurar um tantinho? Quem sabe, durante a viagem, não encontra um precinho melhor, em condições mais razoáveis. Deixa. Se não achar, tudo bem. Depois a gente pensa melhor e resolve.
Quase sempre, na volta, estava completamente curado dos arroubos, aqueles.
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Então, Arlene, amigos e leitores, leitores e amigos…
O que fica?
Caímos na grossa lorota.
Vamos mudar tudo (para que tudo permaneça como está ou pior).
Apostamos no insano retrocesso.
Faltou quem nos desse o alerta.
Ou melhor, foram raros os que nos tentaram puxar pela consciência, pelo discernimento.
– Pense melhor, cara!
Agora é leite derramado.
Mais uma vez, perdemos o passo da história…
E tragicamente não estamos aqui falando de vinho, o whisky, o chocolate suíço, o relógio, o óculos de sol, as engenhocas eletrônicas…
Aprenderemos?
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Lembrei de outra história.
Mas fica para amanhã.
Aguardem!
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“Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser…”
Versos definitivos.
Salve Aldir Blanc!
Salve João Bosco!
Sigamos, caros leitores.
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Mônica Rodrigues
12, abril, 2021Queria seu Blog no IG. Faz?