Foto: Reprodução do YouTube
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Confesso que fiquei um tanto atarantado.
Considero a dolente “Beatriz” uma das mais belas composições – letra e música – do nosso cancioneiro popular.
Traz um verso definitivo:
“Para sempre
é sempre
por um triz“
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Reparem na imensidão existencial que a frase nos revela.
– passado, presente, futuro.
Só mesmo Chico Buarque para intuí-lo e escrevê-lo.
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E então – dirá o amável leitor e amada leitora – qual a razão do espanto?
Vejam pois o que leio na coluna da excelente Mônica Bergamo, do UOL/Folha, de quarta-feira?
“O cantor Chico Buarque avisou aos artistas que o acompanham na turnê Que tal Um Samba? que decidiu alterar a letra da canção Beatriz. Ele afirmou que, depois de cerca de 40 anos, finalmente encontrou a palavra certa para um dos versos…”
Foi aí, exatamente, nesse ponto que pasmei.
Será que…
!!!???
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Felizmente, para este humilde escriba, o coração bateu tranquilo na linha seguinte:
“… em vez de ‘será que é divina / a vida da atriz’, ele passará a cantar ‘será que é divina / a sina da atriz’.
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Ufa!
Meu verso preferido da MPB está salvo.
Intacto e perene.
Só mesmo o gênio maior das nossas letras para tamanho zelo com as palavras.
Nada do que Chico escreve é vão e em vão.
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Pitadinha histórica:
Escrita por ele e por Edu Lobo, “Beatriz” integra o álbum “O Grande Circo Místico”, de 1983, e foi originalmente gravada por Milton Nascimento.
Na atual turnê, que vai até o dia 8 de abril, a faixa é apresentada ao público por Mônica Salmaso.
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Os ingressos estão esgotados.
De qualquer forma, para quem, como eu, moscou e perdeu o privilégio de vê-lo ao vivo e pleno no tal Espaço Tokio Marine, trago-lhes um prêmio-consolação.
Informo que:
A Biscoito Fino disponibilizou, desde o final de semana, o documentário Desconstrução, com Chico Buarque, no YouTube
Vale conferir!
Chico Buarque diverte-se em meio ao processo de gravação do disco “Carioca” ao lado músicos e parceiros.
Uma delícia!
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A propósito, trecho do vídeo pipocou no território livre da internet – meados de 2016 – em que Chico Buarque diz ironicamente que “compra músicas de compositores anônimos e depois diz que são dele”.
Uma zoeira de Chico com amigos e parceiros durante uma gravação.
Quem assiste ao vídeo completo – e tem mínima noção da realidade – entende o deboche.
“Mas na internet circulou apenas um trechinho, deixando a impressão de que Chico confessa comprar melodias. É coisa de gente ruim da cabeça e doente do pé. Com todo o respeito” – escreveu à época o jornalista Ancelmo Góes.
E concluiu o colunista:
“Chico Buarque é um dos maiores compositores brasileiros”.
Assino e dou fé.
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Nos três primeiros dias de veiculação, o doc teve 24 mil acessos.
Aos nostálgicos como eu, emocionante assistir ao depoimento do saudoso Wilson das Neves (1936/2017).
Assistam:
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O que você acha?