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Dias melhores

"O tempo não pára no porto/ não apita na curva/ não espera ninguém."

01. Escrever é sempre um ato solitário. Por mais gente que tenha ao redor, seja na redação, seja onde for, quando você começa a alinhavar palavra a palavra, a realidade só vai tomar forma à medida em que flua das pontas dos dedos para o teclado e do teclado para a tela. É o início de um ciclo que se expressa agora diante dos seus olhos. Mas que, na verdade, ganha vida e cor quando reverbera dentro do próprio leitor e o faz pensar, refletir. Emocionar-se também, por que não? O texto no jornal quer acrescentar algo à vida das pessoas. Mesmo as notícias ruins pretendem, em última análise, revelar que a vida não precisava ser assim. E que, da próxima vez, vamos fazer como deveria ser feito…

02. O caro leitor já percebeu que hoje estou dado às considerações existencialistas. Não sei explicar exatamente porquê. Mas, quero tentar junto com você explicar esse tom de nostalgia, digamos. A semana deu ensejo a algumas recordações. Por exemplo, na quarta-feira, um dos últimos ícones da modernidade, o cantor e compositor Caetano Velloso, completou 60 anos. Quando ouvi a notícia no rádio, me dei conta de lembranças inevitáveis dos áureos e bons tempos dos festivais, dos musicais da TV Record e da alegria de poder cantar "Alegria, Alegria" e o escancarado grito de esperança em dias melhores: Por que não? Por que não?

03. O lançamento da candidatura de Domingos Dissei e Luiz Carlos Santos no Centro Independência, onde estive representando Gazeta do Ipiranga, também contribuiu para essa instrospecção. A história viva do Ipiranga dos últimos 40 anos estava ali representada pelos ex-vereadores Chiquinho Batista (que fez um pronunciamento emocionado), Osvaldo Giannotti e Almir Guimarães, que trouxe Santos ao bairro nos idos de 1978, quando de sua primeira candidatura à Assembléia Legislativa. Um período em que o Brasil caminhava para o desafio da redemocratização. Desafio que tinha o respaldo de nossa indignação e da esperança de dias melhores…

04. No encontro também revi querídissimos amigos — e rimos e conversamos como se não houvesse passado o tempo que nos distanciou. Falamos de tudo um pouco. Do futebol do sucatão do Clube Atlético Ypiranga nas noites de quinta-feira. Da coluna de entrevistas do Dr. Nabil na Gazetinha que precisa voltar. Da favela que infelizmente está voltando ao Viaduto Sayoa por absoluta inépcia das autoridades. Da ausência do Crispin que está viajando a trabalho. Dos novos planos da UniFai. De como a vida anda competitiva. Do debate dos presidenciáveis. Do tal empréstimo do FMI. E da grande amizade que une as pessoas deste quatrocentão Ipiranga — e que faz dele um bairro muito, mas muito especial. E que historicamente sempre acreditou em dias melhores…

05. Ontem, a caminho da Redação, vim remoendo essas e outras tantas histórias. Antes mesmo de "abrir" o computador, já havia decidido que a coluna teria esse tom pessoal e solitário. Até porque não havia como escapar, nesses dias, de duas questões. A primeira delas é aonde anda aquela inabalável fé em dias melhores. A segunda é a doce lembrança de um velho balconista de uma loja de tecidos que durante 50 anos existiu na rua Bom Bastor quase esquina com a Lucas Óbes, a Tecidos Monumentos. O nome do balconista? Aldo, meu saudoso pai-herói…

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