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Drama à brasileira

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É dia de escrever sobre outro drama à brasileira.

Juro que não gostaria de enveredar por esse tema. Menos ainda de forma realista e tenebrosa (como veremos mais adiante).

Porém – e, como diria o saudoso Plínio Marcos, ‘sempre existe um porém’ -, não cabe ao humilde escrevinhador escolher o tema diário do seu ofício. Até porque a cepa de jornalista que lhe embasa alma e coração não permite que se ausente da rinha em hora tão infausta.

Pois é, meus caros (se é que ainda estão por aí?) …

Chega ao Congresso a segunda denúncia que acusa as bandalheiras perpetradas pelo presidente Ilegítimo e, salve uma extraordinária e bem-vinda surpresa, essas acusações serão devidamente defenestradas pelos senhores parlamentares que – é sempre bom lembrar – elegemos e deveriam nos representar.

Não representam.

E assim aprovam reformas trabalhistas, propõe o retrocesso da escravidão, apoiam a censura, confabulam e trapaceiam a apostar no retrocesso e num povo sem voz e vez que, mesmo assim, segue em frene, salteado em seus direitos mais elementares e à mercê de um futuro que se apresenta cada vez mais obscuro e tenebroso.

II.

Me perdoem se eu estou discursivo e triste.

Mas, ao ler as notícias de hoje, lembrei-me de uma conversa recente com amigos queridos, professores de diversas áreas, numa dessas praças de alimentação da vida. Almoçávamos – e logo voltaríamos para a sala de aula e outros deveres da lida.

Um dos presentes, reconhecido professor de História, resenhou a aula que daria naquela tarde.

Em voz alta para ouvirmos, listou alguns itens da pauta:

– Comoção social

– Economia em pandareco

– Desemprego

– Partidos políticos sem legitimidade

– Ódio exacerbado entre grupos sociais

– Denúncias e mais denúncias de corrupção

– Imoralidades mil

– Descrédito em relação às instituições

– A desfaçatez de governantes e homens públicos

– Sensação de impunidade para os poderosos

– Meios de comunicação não confiáveis

– Um povo desalentado, e sem qualquer perspectiva de vida melhor.

“Ei, cara, vai falar do Brasil de hoje? ” – perguntei.

E o professor, com um sorriso triste, respondeu:

“Não. Falarei sobre os anos 30, na Alemanha, quando se deu a ascensão do nazismo. ”

(Não vou dizer que perdemos o apetite porque já estávamos na hora do cafezinho. Mas, o papo acabou ali.)

 

*Foto: Jô Rabelo

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