Foto: Instagram/Dudu
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Como diria o destemido Waltinho Cazuza, beque central do segundinho do glorioso, inesquecível e varzeano Santos Futebol Clube do Cambuci…
“Menas, gente! Menas…”.
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Leio as notícias da saída do atacante Dudu do meu Palmeiras – e me pergunto em que mundo vivem os bocas-frouxas da chamada crônica esportiva, com grosso alento da tal mídia palestrina (a turma do amendoim, versão torneada de nutela) e das indigestas redes sociais?
Todos clamam e reclamam de uma festa de despedida ao “ídolo” de uma geração, com pasagem de uma década pelo Palestra e conquista de títulos e mais títulos.
Que ingratidão! – buzinam aos quatro cantos.
E descem o cacete na atual diretoria, tornando alvo de pancadas o diretor Anderson Barros e a presidente Leila Pereira. Sobrou até para o também multicampeão Abel Ferreira que, invertebrado, não deu a devida minutagem em campo ao propalado ídolo em campo.
“Menas, gente! Menas. Reconhecimento de patrão é salário na conta do trabalhador.”
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Será mesmo que um jogo entre os Amigos de Dudu e um bala-mistura formado por boleiros veteranos, influenciadores, sertanojos e assemelhados no templo sagrado do Allianz Parque, com entrada franqueada aos torcedores mediante prendas de uma campanha de Natal, daria conta de satisfazer a ululante indignação dos faladores de plantão em busca de cliques?
Talvez uma cerimônia festiva no jogo final do campeonato quando o meu Verdão tomou um chocolate do mambembe Fluminense fosse o mais adequado?
O que acham?
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Vamos aos fatos.
Enumero.
1 – Dudu, o craque de um era, indiscutível isso, ficou um ano e tanto longe do campo de jogo em razão de uma grave contusão no joelho. Todos lamentamos. Até alguns amigos não palmeirenses foram solidários à minha tristeza por ocasião da contusão.
2 – É bem verdade que o craque não vinha lá tão bem quanto em outras jornadas. Mesmo assim, era reconhecidamente o craque do time.
3 – Tratou-se com afinco em todo o período nas modernas instalações do Departamento Médico do clube. Fez jus ao 2 pilas e quequerecos que recebe mensal e pontualmente.
4 – Mesmo campeão brasileiro em 2023, era a inegável, entre torcedores, a expectativa pela volta do número 7.
5 – No início deste ano, quando já se comentava fortemente que Dudu logo estaria em campo, veio a ducha de água fria, gelada, que tsunamizou a alma e a esperança dos palestrinos: por livre e espontânea vontade do boleiro e do seu estafe, Dudu estava negociando sua ida para o Cruzeiro, obviamente em busca de novos ares e um contrato igualmente milionário e mais longo. Um direito, registre-se, que todo o profissional tem.
6 – Mesmo pega de surpresa pela decisão unilateral, a diretoria palmeirense se acertou com a do time mineiro e deu como favas contadas a negociação. Ninguém é obrigado a estar onde não deseja, independente do motivo que for. O Cruzeiro anuncia a contração.
7 – Nesse meio tempo, Dudu recebe representantes de uma das organizadas do palmeirense. Toma uma doce enquadrada – e, também docemente, se arrepende do que havia planejado para a carreira. Docemente não quer mais sair.
8 – A presidente Leila Pereira não perdoa. Diz com todas as letras. Dudu deveria honrar o compromisso que assumiu, por livre arbítrio, com o Cruzeiro.
9 – Não foi o que aconteceu. De volta aos gramados (sintéticos ou não), Dudu vai se readaptando pouco a pouco. Fica claro que não é mais o mesmo jogador. Está sem velocidade, sem punch. Ainda que tecnicamente sabe o que faz com a bola.
10 – Não consegue se firmar como titular. E têm início os rumores de que vai deixar o Palmeiras no final da temporada.
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Relato, acima, a cronologia dos fatos.
Fim da temporada.
Dudu viaja na manhã de segunda-feira após a tosca partida contra o Fluminense. Sai de férias para os Estados Unidos. Decisão está tomada. Quer livrar-se de qualquer emboscada… do destino. Seus empresários e advogados cuidam do distrato com o Verdão.
O que só aconteceu na manhã de ontem.
Ah, mas e a festa de despedida!!! Palmeiras, ingrato! Leila, Barros, Abel. Os três contra o Dudu.
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Tenho a sincera impressão – e lamento em nome do amarfanhado jornalismo que hoje se pratica – que a tigrada não lê as notícias que eles próprios publicam.
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De qualquer forma, todo o meu reconhecimento ao Dudu pelas alegrias e taças e conquistas que deu aos palmeirenses nesses 10 anos de clube. Um dos grandes nomes – talvez o principal – de toda uma era vitoriosa… Seja feliz, campeão, em sua nova casa.
Ah, em tempo, achei bonito aquela imagem em que você aparece com os filhos e a esposa no gramado do Allianz após o jogo contra o Fluminense. Me pareceu que oravam e agradeciam as graças recebidas… Só uma impressão, não sei. Ficou um tanto teatral, não? Deu mídia, e talvez seja o gatilho de tanta falação…
Enfim…
Como diria o saudoso João Saldanha:
Vida que segue!
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*Aproveitei os ares enigmáticos da sexta-feira, 13, para soltar meus fantasmas de torcedor.
O que você acha?