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Dudu, eterno

Foto: Divulgação/Palmeiras. Dudu, ao lado de seu busto no Allianz Parque 

Sinto-me um privilegiado como torcedor de futebol.

Meninos e meninas, eu vi…

Pelé jogar.

Glória máxima.

Grudado ao alambrado do saudoso Pacaembu, também vi…

Garrincha pintar o sete, defendendo o Botafogo ao lado de Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.

Meus caros e preclaros.

Vi Jair da Rosa Pinto, depois de monumental carreira profissional, desfilar imponente pelos campos da várzea paulistana com o incrível time de veteranos do Can-Can.

Formam o meu triunvirato dos craques maiores que vi jogar.

Mais.

Vi surgir a estoica dupla Dudu e Ademir no meu amado Verdão.

Ouso dizer o que ouvia então da italianada, amigos do meu pai, no bar Astoria:

Ambos foram comprados com o dinheiro da venda do inesquecível Chinesinho para um clube da Itália.

(Seria o Atalanta?)

Da Guia chegou primeiro. Disputou a posição de titular com o ‘prata da casa’ Hélio Burini.

Dudu veio depois. Jogava na Ferroviária de Araraquara e, no Palmeiras, esquentou banco por uns tempos. O pernambucano Zequinha era o titular desde o título de supercampeão paulista em 1959.

Aos poucos, a dupla se firmou no meio campo palestrino – e fez história.

Tornou-se um dos pilares da primeira Academia sob a batuta de Nélson Filpo Nuñes.

“Dudu, você corre muito. Deixe que o Ademir arme as jogadas. Dá um passinho pra trás e ajuda na marcação.”

Não foram exatamente essas as palavras. Mas, foi esse o pedido de Dom Filpo para Dudu e assim formatar e dar fluência de jogo àquele time imbatível. Que representou o Brasil na inauguração do Estádio do Mineirão e sapecou 3×0 na forte seleção do Uruguai em 7 de setembro de 1965.

Eu tinha 14 anos.

Querem glória maior para um moleque sonhador?

Já adulto – e jornalista -, tomei conhecimento dessa historieta na voz rouca do próprio Dudu (Olegário Tolói de Oliveira) num bate-papo informal com vários repórteres durante encontro de confraternização da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Lembro que Dudu, normalmente de poucas palavras, estava bem à vontade naquela ocasião.

Humilde, contou que gostava de jogar mais no ataque. Mas, entendeu a orientação de Filpo e os conselhos dos zagueiros Djalma Dias e Valdemar Carabina sobre o posicionamento em campo. Daria mais padrão de jogo ao invencível Palmeiras.

Assim Ademir da Guia, o Divino, ficaria mais solto para municiar os atacantes e, vez ou outra, fazer seus golzinhos.

E assim se fizeram únicos, inesquecíveis.

Ao redor de Dudu e Ademir construiu-se também a segunda Academia, sob o comando de Osvaldo Brandão.

Um time memorável que todo palmeirense sabe de cor: Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca, DUDU e Ademir, Edu, Leivinha, César e Nei.

Dudu pendurou o par de chuteiras em meados de 1975.

Um anos depois, era o técnico campeão paulista pelo Palmeiras.

No estreia, Olegário Dudu mostrou ao que veio. Lançou o menino Pires no time titular para fazer dupla com Ademir da Guia.

Deu certo!

O então veterano Ademir voltou a jogar como nos melhores momentos da carreira.

Então, amigos…

Todas as doces lembranças me ocorrem a partir da triste notícia que nos chegou, na noite de sexta-feira, durante a transmissão do jogo da seleção do Brasil, comandada por Dorival Júnior, sobrinho do craque palmeirense.

Dudu morreu aos 84 anos, após 30 dias internado em um hospital em São Paulo.

Mais um dos grandes que se vai…

Triste, muito triste.

Meus caros…

Não consigo dissociar o futebol dos inefáveis meandros de nossa memória afetiva.

Sei que dizem hoje estar em voga a cientificação do Planeta Bola como se tudo fosse racional e lógico, fruto de estudos, tecnologia e preparação física, técnica e psicológica.

Desconfio – e só desconfio à minha maneira – que não seja bem assim.

Não foi e não será.

Percebam!

Aos olhos – e no coração – do menino que se encantou com a dupla Dudu e Ademir em campo, o futebol vive um momento de inestimável perda e profundo luto.

Dudu será eterno em nossos corações, em nossas recordações.

Que o Senhor o guarde e ilumine!

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