Nasceram um para o outro.
Tanto é verdade que tinham poucos dias de diferença entre o nascimento de um e de outro.
Os papais se conheciam desde os tempos de meninos. Moravam na mesma rua, cursaram o mesmo grupo escolar e correram atrás da bola pelos campinhos improvisados, nos terrenos baldios do subúrbio onde moravam.
Trabalharam juntos e, inclusive, conheceram as respectivas ‘patroas’ após a missa de domingo, das 11 da manhã, dedicada aos jovens da paróquia local.
Desnecessário dizer, mas digo. Eram amigas, de trocar confidências e cantar no coro da igreja.
Pois então…
As famílias, como se dizia à época, se freqüentavam, eram próximas, íntimas.
Foi uma festa quando os casais anunciaram a gravidez das esposas quase simultaneamente. Desde então brincavam com a possibilidade de, em sendo menina e menino, já havia o compromisso de estarem prometidos um para o outro.
Seria lindo…
O reizinho e a princesinha viveriam felizes para sempre.
II.
Só que a certa altura da vida, as famílias tomaram rumos diferentes.
Na política de ampliação da empresa onde os pais trabalhavam, os ‘papais’ foram designados para filiais distantes. Um foi para o Oiapoque; outro, para o Chuí.
Mesmo assim, firmaram o trato de que nunca se separariam.
Amigos para sempre.
E continuava de pé a promessa das crianças se casarem no futuro.
Houve lágrimas na despedida, e alguma emoção.
III.
Mas, o tempo que não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém… O tempo acabou por fazer com que laços tão próximos, aos poucos, se perdessem. Até que, ao cabo dos anos de ausência, estes mal se lembrassem da data de aniversário daqueles – e vice e versa.
IV.
Assim, mesmo em tempos tão modernos, da comunicação imediata, do celular, das redes sociais, dos faces e que tais, eles que nasceram um para o outro, aquelas crianças lindas, fofas e prometidas reciprocamente, hoje são adultos – e nunca se encontraram,