Divertidíssima a cena.
Foi em um dos episódios da TV Pirata, humorístico da Globo que fez escola. Luiz Fernando Guimarães, vestido à la Elvis, com aqueles macacões estroboscópicos, vagou como se fosse um zumbi durante todo o programa. Braços estendidos para frente, peruca com topete descomunal e chumaços de algodão nos vãos do nariz.
Ele aparecia no teatro, na praça, na praia. Mas, os demais personagens não se assustavam com a visão. Apenas comentavam, com alguma estranheza:
— Elvis não morreu…
— Pois é, Elvis não morreu…
II.
Acreditem. A brincadeira do pessoal da TV Pirata vai se transformar numa verdade indiscutível nos próximos dias. Nesta quarta, 16 de agosto, a morte do Rei do Rock completa 30 anos, mas o mito permanece imbatível a nos lembrar:
— Elvis não morreu…
— Pois é, Elvis não morreu…
Preparem-se, pois, para a enxurrada de Elvis na TV, no rádio, nos jornais – e, óbvio, na net. Ontem no Fantástico houve um concurso que escolheu o melhor clone de Elvis. Na sexta, Amaury Júnior entrevistou o único brasileiro que participou de um festival em Londres que reuniu os melhores imitadores de Elvis de todo o Planeta. Não sei quantos se reuniram, mas dezenas de milhares se inscreveram. Houve uma seleção. Imaginem a quantidade de topetes (mesmo que seja peruca), macacões, óculos enorme e o que lembrasse The Pelvis.
Sempre que um acontecimento — alegre ou triste — completa aniversário com números redondos, a mídia não perdoa. Dá-lhe retrospectiva, história, clones — muitos clones –, curiosidades, fofocas, suspeitas…
— Se é que ele morreu, né…
III.
Ouvi isso ainda hoje de um fã de Elvis. O rapaz não tem mais do que 25 anos.
Estranhei…
Foi aí que resolvi escrever sobre tamanho fenômeno. Ele acredita piamente que a hipótese não pode ser descartada.
— Se é que ele morreu, né…
Preferi não entrar em detalhes. Vai que o cara aparece por aí.
“It’s now ou never…”
Eu, hein…
IV.
Elvis ainda é o maior vendedor de toda a história da indústria fonográfica – essa mesma que está desaparecendo com a Internet. Registre-se que as vendas cresceram substancialmente depois da sua morte. Parecem se renovar a cada nova geração. Um grande mistério…
Um dos tantos que permearam a vida do pacato rapaz do Mississipi que, a partir de 1955, começou a mudar a história da música popular americana e, por conseqüência, de todos os cantos do mundo. Mas, isto é só o começo do que os jornais e revistas se deliciarão em contar.
Não fiquem indiferentes, como os personagens da TV Pirata. Confiram…
V.
No Brasil, Elvis, vozeirão e requebros, influenciou os jovens vovôs que hoje estão na faixa dos 60 e qualquer coisa. Cantores como Demétrius, Ronnie Cord, Sérgio Murilo, Toni Campello eram tímidas cópias – e formaram nossa primeira geração roqueira. Havia também Carlos Gonzaga que fazia sucesso com as versões das músicas de Paul Anka, “Oh, Carol” e “Diana”.
Foi a primeira manifestação de que os jovens tinham voz e vez.
No cinema, James Dean e Marlon Brando faziam a ponte.
Uma revolução que começou com o rock, invadiu nossas vidas e fez História com H maiúsculo.
Nunca mais fomos os mesmos.
VI.
Eu era muito pequeno. Mas, via a euforia das minhas irmãs mais velhas – e especialmente das amigas das minhas irmãs. Existia uma tal de “Ia” que era a versão nativa e oxigenada da Brigite Bardot. Gostava de vê-las dançar, ouvir histórias e imaginar coisas…
Aliás, já disse aqui, desde pequeno tenho essa tendência de…
Bem, vocês sabem.
VII.
Como não entendia bulufas do que o cara cantava e não sabia dançar, só me restou mesmo tentar imitá-lo no topete. Dá-lhe brilhantina, água ou guspe para segurar o ‘bicho’ nas alturas.
O que era, na verdade, tempo perdido.
Minutos depois, lá estava eu todo despenteado a exibir uma inescapável franjinha.
VIII.
Por sorte, quando tinha meus onze, doze anos, uns rapazes de Liverpool resolveram imitar meu penteado e aí foi sopa no mel. Tornaram-se conhecidos como os reis do iê-iê-iê. Fizeram um baita sucesso.
E eu fiquei naturalmente na moda…
“It’s been a hard day’s night…”