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Emílio Santiago (1946/2013)

Torci por ele diante da TV.

Torci pela vitória do jovem Emílio Santiago como melhor calouro no programa Flávio Cavalcanti.

Nascia ali um baita cantor.

II.

Também eu era jovem – início dos anos 70 – e já adorava música.

Tanto que anos mais tarde, já formado e trabalhando como repórter, tive a oportunidade de entrevistá-lo. Emílio Santiago se apresentaria no Sesc Anchieta para o lançamento do novo disco.

Desconfio que fosse o “Guerreiro Coração”, pela Polygran.

III.

Todos lhe reconheciam talento e afinação.

Era herdeiro direto da nossa nobre linhagem de cantores/cantores. Que não compunham, cantavam exclusiva e lindamente. Orlando silva, Nélson Gonçalves, Cauby – só para ficar em alguns, os prediletos de Emílio.

No entanto, sua carreira não decolava.

Esse era o quarto ou quinto disco do rapaz, mas o sucesso lhe escapava pelos vãos dos dedos.

Inclusive nós, jornalistas da área, conversamos sobre essa questão enquanto o aguardávamos para a coletiva.

— É mesmo a chance de acertar o repertório. Estilo como cantor, ele tem – disse um de nós. (Não tenho certeza, mas, justamente agora me veio a lembrança do Dirceu Soares que escrevia para a Folha de S.Paulo.)

IV.

Não sei se ouviram a dica do saudoso jornalista. Provavelmente não. Mas, ele estava rigorosamente certo. Anos mais tarde, o projeto Aquarela Brasileira, pela Som Livre, mostrou ao grande público quem era verdadeiramente o grande Emílio Santiago.

Foi um êxito e tanto, de repercussão nacional.

Ao todo, foram sete discos em sequência, de 1987 a 1995 – todos de sucesso indiscutível e uma bem-sucedida retomada ao tema em 2005, com As Melhores das Aquarelas.

V.

Mas, naquele longínquo fim de tarde, antes que tal acontecesse, fez-se um pesado silencio quando o negro esguio, elegante, de terno branco desestruturado, entrou pela improvisada sala de imprensa. Sentou-se na poltrona em frente da gente, com jeito simples – e esperou pelas perguntas que demoravam a acontecer.

Desconfio que, cada um à sua maneira, tínhamos a mesma dúvida: por onde começar?

De algum modo, uns mais outros menos, estávamos com a pergunta engatilhada, mas temíamos constrange-lo.

VI.

Foi quando se ouviu a voz suave de Emílio, tomando a iniciativa:

— Cadê as perguntas, amigos? Fiquem à vontade. Perguntem o que quiserem. Antes, porém, permitam agradecer a presença de todos. Uma honra tê-los aqui.

A educação, a elegância, a nobreza não eram só características do cantar de Emílio Santiago.

Era o seu estilo de viver…

VII.

Um ser humano iluminado.

Vai fazer falta!