À esta hora de quinta, eu estava encrencado. No fechamento do jornal e também batucando as maltraçadas da coluna semanal que se chamava “Caro Leitor”.
Eram momentos intensos, repletos de atribulações, imprevistos, correria. Discussões, também ocorriam. E mil e um problemas, a princípio insolúveis.
De repente, não mais que de repente, encontrávamos a solução como que magicamente, com uma foto ampliada, o corte de um parágrafo que sobrava no texto ou mesmo a adoção de uma ideia mais abusada.
Como naquela tarde/noite em que tínhamos três assuntos importantes a destacar na primeira página. Na dúvida em escolher a principal, tascamos a opção para o leitor. Emparelhamos as fotos no alto da primeira, e o título foi:
ESCOLHA A SUA MANCHETE
II.
Era assim…
O jornal tinha que estar nas ruas na manhã de sexta.
Era o desafio, e a nossa vida (não necessariamente nessa ordem).
Minha e do pessoal que estava na função.
III.
Já perceberam…
Falo da velha redação de piso assoalhado e de grandes janelas para a rua Bom Pastor.
Por que lembrei esse tempo?
Talvez seja pela conversa com o Poeta no início da semana (que ontem virou post e deu o que falar) …
Talvez fosse um tempo em que estava em nossas mãos o fazer e o acontecer…
Talvez porque, mesmo com os ares sombrios da ditadura, havia o sonho e a esperança…
IV.
Certamente, porque é quinta. Fim de tarde e hoje eu estou um tanto mais nostálgico do que habitualmente sou …
O que você acha?