Confessar a própria covardia, que grande ato de coragem!
Tomo como mote o incrível Millôr em uma das célebres ‘reflexões sem dor’ e cá estou como se cá não estivesse a batucar nosso deletério balanço de 2018, o que faço no entreato da mensagem de Feliz Natal e (olhem a ousadia) do Próspero Ano Novo.
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Talvez eu pareça egoísta ao debulhar essas linhas – o que não me é raro acontecer.
Mas, permitam-me dizer:
Este ‘18’ não me foi assim de todo mal.
É uma avaliação superficial, sei.
Mas vejam aí.
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Em janeiro, andei pela Sicília, Itália. Conheci Taormina, um lugar fascinante, um sonho azul. Aproveitei que perambulava pela Velha Bota e fui conhecer Réggio Calábria na área continental. Lá me confundiram com os falantes velhinhos que andam e parlam e gesticulam – e gesticulam, parlam e andam no calçadão do centro da cidade.
Ma che, bello!
Me senti o próprio, com boné de feltro e cachecol.
Fevereiro veio com o carnaval e a largação costumeira que faz o mês passar lépido, sacudido e leniente.
Além do aniversário do filhão, não lembro nada de importante que me tenha acontecido em março. Alguns dissabores na universidade, mas nada que não tirasse de letra.
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Abril. Fui conhecer Aracaju e os cafundós de Sergipe. Bem oportuno. Saí de São Paulo aborrecido pela injusta prisão de Lula. Entendi que o cerco estava armado – e não haveria escape ao retrocesso.
Valeu pelo respiro, pois maio foi um mês pesado. Tanto no atacado do social como no varejo dos meus insípidos dias. De algum tempo, percebi, não me queriam na universidade. O novo mandachuva e seus asspones não são lá muito meus amigos. Não topavam comigo – e vice versa.
Pediram/mandaram que eu fizesse coisas. Não achei justo (tenho lá meus princípios) e a hora do adeus se aproximou.
Dito e feito.
Fim do semestre letivo, junho, dia 24. Vinte anos de serviços prestados – e estava fora da universidade. 45 anos depois, sem ficar um dia sequer desempregado, estou, desde então, sem registro algum na carteira de trabalho.
Não arvoro que seja um feito.
Foi e é o que tinha de ser e é.
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No desvio, tratei de fazer caminhadas diárias, cuidar um tantinho da alimentação e assim terminei julho com oito quilos a menos e livre do peso dos malas-sem-alças que tomaram a universidade nos últimos dois anos e tanto.
Agosto me surpreendeu dando uma geral na papelada do escritório – artigos, ensaios, estudos, tratados de Comunicação, recortes de jornal – que guardei anos a fio a imaginar alguma serventia para o que se tornou entulho.
“O mundo é digital, prô!” – diz a moçada.
Desabei em setembro, o inesperado. 10 dias no hospital .
“Tá curado, senhor” – me disse a doutora Danielle assim que terminou o procedimento.
Ganhei um marcapasso.
Tum, tum, tum, bate coração.
Que bênção!
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Nessa do convalescer, de boa, nem vi passar outubro e as malfadadas eleições. Fiz um acordo na Justiça (amparado pelo Jurídico do Sindicato dos Jornalistas) e a grana da indenização está entrando (amém, Jesus!) um tantinho por mês. Melhor pingar do que…
Novembro chegou e se foi tão rápido.
(A cada ano, o tempo parece voar ainda mais célere.)
De bom mesmo, só o Palmeiras campeão.
Pronto. Chegamos a dezembro – e eu e os meus continuamos sãos e salvos e fortes.
Do que posso reclamar?
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Continuo morando onde moro há quase vinte anos. Tá certo que o apê precisa de uma reforma, sempre adiada. Assim como adiados estão os projetos dos livros a serem publicados e deste humilde site/blog invadir as redes sociais.
Sou um poço de dúvidas.
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Perdão se não tratei aqui de assuntos mais gerais e cousa e lousa e mariposa. Não quero falar do Coisa Ruim nesta pretensa mensagem de fim de ano.
Logo eu que sempre fui um otimista…
Cético no pensamento, otimista na ação.
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Caros amigos,
Estamos vivos – e é o que importa.
Configurem o sonho e o dom de ser feliz junto àqueles a quem amamos e os que nos amam também.
Santo e Feliz Natal!
Por enquanto é só.
2019, a gente vê como leva…
Que o Menino Deus nos ilumine!
Flavio Falciano
22, dezembro, 2018Grande amigo, excelente pessoa, ótimo escriba… um prazer ler seus textos. Que 2019 lhe estimule a empreender ainda mais na literatura. Acho que merecemos esse presente. Forte abraço
Fernando Ferreira de Almeida
22, dezembro, 2018Grande Rodolfo.
Muito bom meu amigo.
Cabeça erguida e sempre em frente.
Grande Abraço
Fefeu
VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
23, dezembro, 2018Rodolfo, a vida tem seu curso e seus ciclos, viver o momento é uma sabedoria. Acabo de lembrar deste refrão:
“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.
clarice falasca
1, janeiro, 2019Foi um ano de aprendizado, doído é certo, mas necessário para nosso crescimento espiritual. Seus textos são deliciosos e agora não irá faltar tempo para nos brindar com eles, sejam críticos ou de amor, que apenas sejam. O bem necessário para este duro ano que se inicia. Tudo de bom pra você!!!