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Entrevista com Isabella

Entrevista com Isabella, a Menina de Cabelos Vermelhos ou Levemente Avermelhados a depender dos seus humores e emoções.

— Sentimentos, viu. Sentimentos, principalmente. Se não o que os seus cinco ou seis leitores vão pensar de mim? Que sou uma maluquete.

— Está bem, sentimentos. Mas me diga: Isabella, a quantas anda a cor dos seus cabelos?

— Se você tivesse uma web câmara veria que meus cabelos estão… Ah!, não vou dizer.

— Não vai me dizer ou tem coisa aí. Pelo tom de voz, você está em outra.

— Estou sim, homem. Outra vida. Não acho que tenho ‘um novo amor’. Acho que será passageiro. Quer dizer: tenho um novo amor sim: eu. Me apaixonei por mim, pela minha vida.

— Nossa, que virada!!

— CALMA, vou explicar! É que de repente eu vi que minha vida vale mais do que qualquer coisa, mais do que qualquer ex, mais do que um amor. Me apaixonei pelo caminho que faço de manhã com o sol baixinho. Me apaixonei pelas imagens editadas na minha própria cabeça dos lugares em que passo. Pelas saídas noturnas e pelas músicas dançadas. Entre tudo isso, descobri que minha vida tem se tornado algo muito agradável. Não que antes eu quisesse me matar, como você escreveu outro dia, no dia primeiro de maio.

— Eu? Foi licença poética. Exagerei, né?

— Deixa pra lá. De repente o céu ficou mais azul. As árvores mais verdes. E meu cabelo mais vermelho. Gostou da virada, como diz você?

— Gostei. Muito. Uma mudança e tanto. Só possível para quem tem, como a Menina de Cabelos Vermelhos, vinte e poucos anos e sabe sonhar sonhos de viver.

— Ouvi algo um tanto quanto supersticioso, esotérico. Pode até ser viagem demais. Quem me contou foi um amigo que também ouviu em algum lugar. Independe da idade. Ele disse: este é o ano em que acabariam as coisas que têm de acabar. É mais ou menos isso. Não lembro das palavras exatas. Mas, algo sobre as coisas que não tem mais jeito terminariam este ano.

— O que não tem remédio remediado está…

— Não sei se é válido, mas bateu completamente com seus dizeres do blog: "Talvez seja o desalinhamento dos planetas porque também me sinto assim. É dar tempo ao tempo."

— Eu escrevi essa belezura?

— Não brinca. Foi para uma amiga em crise, acho. Diga a ela que, apesar de ser um conselho irritante, é o melhor: ‘Tudo passa. Acredite".

— Você está mudada mesmo?

— Só mais uma coisa que estou com pressa. É sobre a Dagmar e Dinoel, o último capítulo que você chamou de “Quem Quiser Que Conte Outra”. Li e gostei. Pois é. Agora entendo porque as pessoas gostam tanto de ler sobre os dois. Identificam-se. Todos passamos por momentos semelhantes aos que os dois viveram. Aconteceu comigo. Não foi uma chuva que fez com que nos encontrassemos por acaso. Mas, nos encontramos, eu e o ex. O teor da conversa foi muito próximo. Parece que, mesmo separados, ainda não tínhamos acabado. Digamos que foi como ‘fechar’ com ponto final. Provavelmente vai acontecer com outros casais. E depois com a gente mesmo. A vida é cíclica. Mas, é uma outra conversa que fica para uma outra vez.

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