Somos 7 bilhões de humanos.
Segundo a Organização das Nações Unidas, será amanhã – segunda, dia 31 – que a Humanidade alcançará tal marca ali por volta das 11h51. Muito provavelmente, ainda nos prognósticos da ONU, o rebento rebentará na Índia onde novos seres pululam das barrigas maternas para a vida como em nenhum outro lugar do Planeta.
Ao informar-se sobre o assunto, o amigo Escova, o Dom Juan das quebradas do Sacomã, não teve pruridos em alarmar-se ainda mais.
— Como assim, meu querido? Sete bilhões! No meio dessa gentarada toda fica cada vez mais difícil eu achar a mulher da minha vida.
Mesmo assim, Escova garantiu: vai continuar na luta. Tem uma estratégia mais do que especial. Ao menos três vezes ao dia, ele pratica o que chama de “a arte do xaveco impiedoso” para cima de mulheres diferentes.
Certa feita, uma das vítimas da cantada não gostou nada, nada. Chamou o policial que estava próximo e o nosso Dom Juan teve que se explicar para o Doutor Delegado.
— O senhor não se envergonha, não?
Escova permaneceu em silêncio. Prudência e caldo de galinha…
— O senhor age sempre assim?, continuou o delega.
Escova achou melhor dizer a verdade:
— Todos dias. Três vezes ao dia. No mínimo.
O delegado não acreditou – e resolveu subestimar o potencial do amigo.
— O senhor deve ouvir muito esculhambo, muito não.
Escova sério, compenetrado.
— Sim, senhor. Todos os dias.
— Por que então o senhor não para com essa mania?
À pergunta do policial, Escova abriu um largo sorriso:
— Posso não, doutor.
— Por que não pode?
— O senhor precisa ver a festa que eu faço quando a moça topa…
(O delegado, por fim, liberou o Escova, consciente de que ele é caso perdido. Mas, é do bem.)