Meu amigo Escova, phd na arte da trampolinagem e da conquista, quer compartilhar algumas de suas inquietantes ponderações sobre a mulher de hoje.
— Muito sério o relato que o prezado fez no texto “A Cartilha da Moça”. Estamos perdendo o controle, meu caro. Do jeito quer as coisas andam, não sei, não. Me preocupam…
Escova não gosta do apelido que lhe demos em idos e saudosos tempos, o Dom Juan das quebradas do Sacomã. No entanto, gaba-se de estar na ativa desde tenra idade e, por isso mesmo, conhecer, digamos, intimamente entre seis ou sete gerações de mulheres.
Comento que sete é conta de mentiroso. Mas o considerado nem se digna a me responder. Prefere tocar o assunto que o trouxe ao blog hoje.
— Elas não são mais as mesmas, posso lhe garantir, meu chegado.
Sinto certo desalento na voz do grande predador. Mas, é indiscutível concordar com o que diz. Houve significativa mudança no comportamento do mulherio desde a tal revolução dos costumes, idos de 60 e 70. A pílula, a minissaia, a liberação sexual…
— Deixemos de história, amigo – ele chama a minha atenção. – Importante é perceber o quanto de emblemático tem a cena que você viu e narrou.
Fiquei curioso. Às vezes, a gente escreve algo relevante, e nem se dá conta. Melhor deixar que ele continue com suas tergiversações.
— Repare que a moça, em nenhum momento, faz qualquer alusão a compromisso, a sentimento. Ela é cirúrgica diante do homem que está a sua frente. Dá o que entende ser uma regra geral: quando está a fim do rala-e-rola, cria as condições e o convoca. Ao marmanjo, cabe apenas comparecer e ter boa performance.
Escova é mesmo um especialista, reconheço.
— Ela, por fim, livrou-se da síndrome da Bela Adormecida. Hoje, ela não vai deitar em berço esplêndido, letárgica, à espera do beijo restaurador. Ela vai à luta e ai do príncipe encantado se demorar a chegar…
Quer outro exemplo, pergunta o nosso phd.
Balanço a cabeça afirmativamente.
— Veja nos jornais a foto da fila de moças que foram à festa de 20 anos do menino-craque Neymar. Veja a disposição com que enfrentam o desafio da conquista que a noite sugere. Quem ali é caça? E quem é o caçador?
Estou mudo, perplexo diante de tanta sabedoria.
— Concordo com você. Os tempos mudaram. Acrescento apenas, até como um alerta, um protesto: nós, homens, não estamos mais no controle…