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Escova procura pelo Dr. Nicola. É urgente!

Não sei se vocês se lembram?

Um conhecido meu, o Dr. Nicola, taxista e psicólogo?

Ele andou por aqui, durante algum tempo. Trazia depoimentos de “pacientes impacientes” que ouvia no carro ou no consultório e que contribuíam decisivamente para a tese de doutorado Mulheres Que Amam Demais.

Pois, então, meus caros.

Não sei onde o dito-cujo anda.

Diria mesmo que este espaço do blog já foi mais concorrido.

Havia personagens quase fixos que alimentavam com suas histórias nosso dia.

Lembro o Dinoel e o imensurável amor pela morena Dagmar, aloprada que só. Queria e não queria, queria e não queria… Foram tantas as confusões aqui relatadas que imagino ainda escrever um livro sobre os dois.

(Escrever não é tão difícil, complicado é o processo de publicação.)

Outra personagem interessante era a Garota de Cabelos Vermelhos.

Foi para Londres, me disseram.

Não sei a quantas anda.

Não sei se o incrível fenômeno que lhe era peculiar continua acontecendo…

Toda vez que ela e o namoradinho ficavam às turras, a cabeleira da menina ia perdendo a cor.

Tinha dias que o tom acobreado lhe adornava o belo rosto, que era só tristeza.

As histórias do saudoso Nasci e da turma velha redação de piso assoalhado, vez ou outra, ainda aparecem por aqui. São raras, é bem verdade. Também acho que esgotei o assunto no livro Meus Caros Amigos – Crônicas Sobre Jornalistas, Boêmios e Paixões, que lancei em 2010.

Desse pessoal quem bate o ponto, neste espaço, regularmente é o grande Escova, o amigo que ostenta, desde tempos idos, a alcunha de Dom Juan das Quebradas dos Mundaréus.

Aliás, foi o próprio Escova quem me perguntou por onde anda o Dr. Nicola. Ele o procurou no consultório e no ponto de táxi. No primeiro, havia placa objetiva de “aluga-se”, com o telefone de uma imobiliária que sequer ouvira falar em soberana pessoa. No ponto, disseram que o Nicó vendeu o táxi e a vaga.

— Vai ver preferiu trabalhar em alguma frota bacanuda de táxi que serve o aeroporto, alguém lhe informou…
II.

Escova está inconformado.

Mesmo seu rechonchudo currículo de mulheres conquistadas – “entre as moçoilas de 20 e os 50 e tantos, já transitei legal, ainda causo e deixo saudades” – já não lhe serve de base pra quase nada. Por isso, ele está prestes a desistir de tais façanhas.

— Alguém precisa me explicar o que está havendo com elas…

Em tempos de redes, faces e que tais, o bom malandro não consegue decifrar o que as moças de hoje querem.

— Sim, não, sim, não… Elas só embaçam.

É o que ele me diz – e, como prova, mostra a mensagem que recebeu, via email, e lhe trouxe tanto alvoroço:

"Engraçado quando penso,
por que não gosto de pensar…
Mas quando penso, penso em você.
E nas sutilezas que nos envolvem.

Pra você, parece ser chato.
Essas e outras coisas. Nada demais. Só chato.
Como as boas coisas da vida se tornam.

Venho aqui para te dizer que te gosto.
De um jeito simples.
Simples e sutil, o que talvez não seja tão chato.

Toque a bola para que eu jogue.
Eu jogo bem, só não tenho camisa.
E o jogo não tem apito.
E todos os juízes são ladrões.

Senti sua falta.”

Fez-se o silêncio.

Senti que o amigo esperava por minhas sábias palavras. Na ausência do Dr. Nicola, qualquer patacoada lhe soaria como uma mensagem do oráculo.

Pego de surpresa, juro que procurei ser o mais sincero que pude.

Fiz pose de Café Filosófico, e mandei ver:

— Que ela tem certa desenvoltura para se expressar, é notório. Que gosta de futebol, é inegável. De resto, meu camarada, nada mais posso lhe assegurar. Se me permite, um palpite: esquece! Ela não virá. Mulher quando quer alguém, não manda recado. Vem pessoalmente, e dá início ao jogo quando bem entende.

Não sei se Escova gostou do meu prognóstico. Desconfio que continuou inconformado. Saiu dizendo que precisava encontrar o Dr. Nicola a qualquer custo…