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“Espera-se uma revolução” – 2

Foto: Arquivo Pessoal

Conto-lhes hoje o que me levou a escrever a crônica/homenagem de ontem:

“Espera-se uma revolução”.

Meus amáveis cinco ou seis leitores já perceberam que sempre recorro ao passado quando tento entender e explicar a mim mesmo e a vocês o baticum dos dias atuais.

Me parece que éramos mais verdadeiros, mais autênticos.

Será?

Ah, sim… O motivo.

Ei-lo:

Dia desses, ainda no pós-eleições, alguém que mal conheço perguntou minha opinião sobre os tais ‘‘pobres de direita’’.

Não desgostei do questionamento, o diálogo faz parte e é salutar, porém…

E sempre existe um ou vários poréns e entretantos, vislumbrei um (in)certo tom de provocação, pois nunca escondi o lado que estou – e sempre estive.

Sobre a expressão dita e reedita muitas vezes nos dias atuais, disse-lhe:

“Soa-me como uma demarcação de território, entre os bonzões e os zuretas”.

Não gosto.

Acho discriminatória, carregada de tolos preconceitos.

Cada um é cada um – e ponto e basta!

(Também não aprecio imprecações do tipo “esquerda festiva”, “sociólogo de botequim” e que tais.)

Foi o que disse ao meu interlocutor.

Morreu o assunto aí.

Talvez não fosse essa a resposta esperada.

Talvez tenha sido o meu tom de voz, naturalmente áspero, quando me coloco com mais veemência.

De resto, fiquei com a impressão de que, naquele momento, tenha involuntariamente assumido ‘‘o inefável ar de quem sabe das coisas, mas não tem como, nem por onde agir’’, igual fazia o vô Carlito, naqueles tidos e havidos tempos.

Não sou de loas e proas. Sou um homem comum do bairro operário do Cambuci. E, cá pra nós, gostei de lembrar o jeitão do vô Carlito.

Faltou-me, na hora, o chapéu para compor a cena, com precisão e requinte.

Divirto-me e cultuo minhas lembranças.

Detalhe: não contei ao moço que me fez a pergunta.

Em nada ele lembrava o Sr. Irineu – e certamente ficaria horrorizado se eu lhe dissesse:

“Espera-se uma revolução”.

Aguarde, é inevitável!

TRILHA SONORA

João Nogueira, Caymmi e as voltas que o mundo dá…

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