Foto: reprodução/Instagram
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Há dias que são assim…
– e assim nos chegam ao sabor do inevitável.
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Armando era amigo do pai naqueles idos dos anos 50/60.
Um tanto debochado, e solteirão.
Para o gosto da Dona Yolanda, minha mãe, “má companhia para o Aldo”.
Eu o achava divertido. Cabelo retinto de preto como as asas da graúna, ele sabia das coisas.
Certa vez, definiu outro amigo de ambos, o Valdemar, da seguinte forma:
“É do tipo que atravessa a rua só para escorregar na casca de banana do outro lado da calçada.”
Aos meus olhos de garoto enxerido, a cena beirava o absurdo.
Quanta imaginação!
Como assim?
Quem faria uma bobagem dessas? – perguntava a mim mesmo. Apesar de que, muitas vezes, nas idas e vindas a pé ao Grupo Escolar Oscar Thompson, eu me surpreendi a conferir o piso dos dois lados da rua. Para me certificar se havia, nas imediações, alguma casca de banana dando mole a eventuais caminhantes incautos.
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“São demais os perigos dessa vida.”
Verso emblemático de Vinicius de Moraes que, mais crescido, passei a cultivar, silenciosamente, vida afora pelas calçadas onde andei.
Não sou lá de planificar futuros.
Finco meus tíbios passos no presente, e sigo. Sou um poço de dúvidas.
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Recebo no zap, encaminhado pelo amigo Almir Guimarães, o print da primeira página da edição de ontem de O Estado de São Paulo.
O Estadão virou Estadinho em nome da modernidade.
Passa agora a circular em formato germânico que o vulgo chama de tabloide.
Almir também sugere que eu adquira um exemplar como relíquia.
Ele sabe de minha afeição pelas coisas do jornalismo – e reforça a sugestão:
“É uma edição histórica.”
Vinicius, que não é poeta, mas foi meu aluno no curso de Jornalismo em tempos idos, faz a pergunta que não quer calar:
“E aí, professor, gostou da mudança do Estadão? É um avanço ou apenas uma sobrevida?
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Almir, Vina e leitores, nos tempos da universidade diziam que minha decisões eram bem cartesianas, sei lá…
Dói-me na alma o que vou lhes dizer.
O que me parece – tolamente, talvez – é que o secular Estadão deu-se ao trabalho de atravessar a rua.
Questão de tempo para encontrar a tal casca de banana, inevitável para os veículos impressos.
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* Amanhã, talvez, eu retome o tema.
O que você acha?