“Percebi que iria ser eleito em Santa Maria da Vitória, na Bahia, no dia 11 ou 12 de junho (de 1994). Cheguei por lá num avião monomotor vagabundo e pousamos na pista de terra. Estávamos atrasados e o Antônio Carlos (Magalhães), que era o dono da Bahia na época, nos esperava irritado. Quando chegamos na praça, a população tinhas notas de Real na mão e gritava, feliz da vida: “Vale mais que o dólar! Vale mais que o dólar!” Vi que seria eleito.”
II.
“Por razão histórica há uma reação muito grande ao liberalismo no Brasil, tanto que quando alguém quer me xingar, me chama de neoliberal, o que é um absurdo. Porque tomam o liberalismo como um laissez-faire, simplesmente liberdade de mercado. Ora, não é isso. Hoje ninguém aqui é contra o capitalismo e sim contra o liberalismo. Mas não se pode recusar o liberalismo político, até porque a democracia substantiva não foi criada para isso.”
III.
“Eu disse há muitos anos que o Brasil não é mais um país subdesenvolvido, é um país injusto. Fui criticado. Hoje digo que, economicamente, o Brasil já teve um desenvolvimento que lhe permitiria ser um país mais justo. Mas continua sendo um país que não avançou suficientemente nos termos fundamentais de igualdade, justiça, equidade. Aqueles que vão liderar o Brasil daqui para frente terão de colocar ênfase neste tipo de questão.”
IV.
“Um bom exemplo disso é a universidade. Aqui nesta sala (Auditório do Centro Universitário Maria Antônia), quando eu era representante dos alunos e depois dos doutores, se discutiam coisas de interesse da cidade e do País. Havia uma ligação direta entre estar na universidade e estar dialogando com o governo, como o poder e a sociedade.”
V.
“Dilma tem visão mais romântica e Serra vai na tradição mais racional. Espero que ele entenda mais de candomblé e que ela leia mais Descartes.”
* Entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, domingo, dia 4.