“É difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País”.
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Na esteira do que ontem aqui lhes disse sobre cronistas, registro aqui a reedição do “Febeapá – Festival de Besteiras Que Assola o País”, de Stanislaw Ponte Preta, pela Companhia das Letras.
Stanislaw é uma criação do grande Sérgio Porto, jornalista, radialista televisista (termo que ele próprio inventou) e teatrólogo.
Carioca, ele morreu aos 45 anos, em 1968.
O “Febeapá” faz um inventário das besteiras que ocorriam (muitas ainda ocorrem) no Brasil da “Redentora” (como ele chamava a ditadura militar). Suas crônicas fazem um cruel – e divertido – retrato do nosso cotidiano.
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Um brevíssimo exemplo, em “Um Doente”:
Um médico de plantão do Hospital Miguel Couto estava às voltas com atendimentos graves, fraturas, atropelamentos, cirurgias de emergência e o diabo, quando entrou um cavalheiro nervoso e muito apressado. Entrou, interrompeu o atendimento médico a um doente grave, e foi dizendo:
“Eu sou coronel!”
O médico tirou o estetoscópio do pescoço e perguntou:
– E qual é o outro mal de que o senhor se queixa?