Foto: Reprodução
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Há saudades e… SAUDADES!
Nada se compara, porém, ao vazio que o velho Aldo, de riso breve e silêncios esclarecedores, deixou pelos arredores aonde ando e me perco.
O pai quase não falava.
Era homem de ouvir e concordar. Ou não.
Só a dona Yolanda, minha saudosa mãe, tinha o direito e a sina de testemunhar suas explosões e iras que, na verdade, eram apenas desabafos naturais de um coração calabrês já abalado por disritmias e safenas.
Era simples entender seus sábios veredictos.
Se o que alguém lhe contasse fosse um coisa boa, que valesse à pena, então, sorria um sorriso leve – os dentes quase não apareciam no rosto de traços fortes.
Mas, era bom vê-lo sorrir…
Se o relato fosse sobre algo que não concordava (falar mal do Lula, por exemplo), entortava as grossas
sobrancelhas e pendia a cabeça para um dos lados e ficava a olhar o nada.
Se por acaso alguém viesse lhe falar uma enorme bobagem, era divertido: deixava o incauto com a história ao meio e saía de fininho. Quando o cidadão dava por si estava a falar sozinho:
– Ué! Cadê você, Aldão?, dizia.
Hoje, queiramos ou não, sou eu a fazer a pergunta.
Nada verdade, eu a faço todos os dias.
Porque há saudade que também se faz doce presença a nos acompanhar na mente e no coração.
Sinto tanta falta de consultar esse oráculo chamado Sr. Aldo , com seus 1,66 de altura e imensa generosidade.
Tantas saudades. Que cá estou a escrever sobre ele para amenizara falta que o velho faz.
E a reverenciar a data.
Feliz Dia dos Pais, rapaziada!!!
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* A escolha desta bela canção tem lá sua razão. A provocar o filho pretensamente roqueiro, o pai se gabava de ser, segundo as próprias palavras, “um bom pé de valsa, mas que se saía bem também em boleros, foxtrotes e assemelhados”. Então, permitam-me, sinatrear. Nada melhor do que uma dançante trilha sonora daqueles idos e áureos tempos para reverenciá-lo enquanto, por aqui, seguimos enternecidos com nossos corrupios.
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O que você acha?