O cantor/compositor Renato Teixeira é a grande atração do VII Festival do Cambuci de Paranapiacaba. Faz o show de encerramento do evento, no dia 25, a partir das 15 horas. O festival começou no fim de semana passado e está levando uma legião de turista à longínqua região do Grande ABC, conhecida pelas trilhas, pela Estação Ferroviária e pela Vila Inglesa invariavelmente sob intensa neblina.
A divulgação, parece, foi boa mesmo. Acabo de receber um folder com explicações sobre as mil e uma maravilhas da fruta que deu nome ao bairro onde nasci.
Me dizem que o jornal e a TV fizeram um baita alarde da festa.
Como me arvoro aos quatro cantos que sou do Cambuci, velho bairro paulistano, aos pés do Planalto de Piratininga, onde lá nos antigamente se deu a fundação de São Paulo, os amigos andam curiosos. Durante toda a semana eles me perguntam se estou feliz com o evento e, a partir daí, ouço uma rajada de perguntas sobre o cambucizeiro e seu exótico rebento, com formato de disco voador.
Decepciono a todos – e a mim mesmo, como é do meu feitio.
Até então, não fazia a menor ideia do que falavam.
Eles riem das minhas explicações.
Só me lembro de ter visto a tal fruta dentro das garrafas de cachaça, “da boa”, que o vô Carlito guardava, com todo o carinho e cuidado, nos quartinhos do fundo da casa da rua do Lavapés, no dito-cujo bairro do Cambuci.
Nas tardes de domingo, o vô e alguns amigos se reuniam ali para ouvir o futebol pelo rádio que tinha o formato de uma capelinha. Óbvio, que bebericavam umas e outras, outras e outras mais.
Todos elogiavam o sabor da mistura.
Depois do jogo, indiferentes à vitória ou derrota do time do coração, todos se punham a cantar “O Sole Mio”, entre outras canções napolitanas.
A cada talagada, aumentava o tom da cantoria.
Eram divertidos – e desafinados.
Terminavam a jornada, no Bar Astória, em frente à casa do vô. Jogavam “Patrão e Soto”, regado à muita cerveja.
Nunca reclamaram do tédio das noites de domingo.
Não ouviram a musiquinha chata do Fantástico e, desconfio, sequer sabiam da existência de um lugar chamado Paranapiacaba.
FOTO NO BLOG: Camila Bevilacqua