Lamento profundamente a decisão da Fundação Padre Anchieta de acabar com dois títulos da casa, o “Viola Minha Viola” e “Provocações”. A alegação – cabível, mas não justificável – é a de que as atrações eram “personificadas” e seus comandantes – os saudosos Inezita Barroso e Antônio Abujamra que morreram no primeiro semestre deste ano – são insubstituíveis.
“Os programas acabaram quando essas pessoas morreram. Eram personificados”, disse à Folha de S. Paulo o presidente da Fundação, Marcos Mendonça.
Faz sentido.
Mas, mesmo assim, lamento.
Acho que ambos se transformaram em um marco na TV brasileira. O “Viola” durou nada menos que 35 anos. “Provocações” estava na grade desde 2000.
Farão uma falta danada.
Não há nenhum programa de entrevista tão instigante quanto “Provocações”. O “politicamente correto” passava longe da pauta do grande Abu. Suas reflexões e a diversidade dos entrevistados mostravam um Brasil que, grosso modo, a TV brasileira prefere esconder.
O “Viola Minha Viola” também apontava para a contramão do que manda e ordena os modismos na TV brasileira. Atendia a uma significativa parcela da população – eu diria, os acima de 70 – que se vê abandonada nas produções televisivas e, vamos combinar, em vários segmentos da nossa sociedade.
A bem da verdade, é justo dizer, tenho lá meus motivos para tamanha tristeza. Abujambra lembrava o meu inesquecível amigo Nasci, tantos nas feições como no humor, por vezes, contundente. Já o “Viola Minha Viola”, eu o assistia quase todos os domingos, ao lado da Dona Yolanda, minha saudosa mãe, que se foi no início de junho.