Foto: Reprodução/Memória Globo
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Não sou um noveleiro-mor.
Bem distante disso.
Há tempos não dou sequer uma espiadinha nas atrações que estão no ar.
Tudo o que sei dos bastidores da nossa teledramaturgia devo aos inesquecíveis amigos Nasci e Ismael Fernandes.
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Nasci foi um dos introdutores da programação vespertina na TV brasileira e produtor da TV Record no auge da emissora.
Isma escreveu algumas novelas, era pesquisador da história da telenovela brasileira, autor de um punhado de livros sobre o tema – Memória da Telenovela Brasileira –, e colunista de TV.
Trabalhei com ambos na velha redação de piso assoalhado.
Eles falavam nisso todo santo dia.
Discordavam em vários pontos.
Discutiam em tom de debate eleitoral.
E eu ali, entre um texto e outro, uma página e outra, só vendo e aprendendo.
Vez ou outra, me chamavam para ajuizar as suas pendengas.
No fim, aplaudiam-se mutuamente – e cada qual, a seu modo, dizia-se o vencedor.
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Uma questão, no entanto, era consenso para os dois.
Para o Nasci, o Gilberto Braga era “o mais sofisticado autor de novela do time da Globo”.
“Um dos melhores do Brasil”, reforçava o Ismael.
“Seus personagens são solidamente estruturados, é um criador de mistérios como nenhum outro. Mobilizou todo o país em torno da questão: Quem matou Odete Roitman?”
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Eu humildemente preferia Anos Dourados ao folhetim Vale Tudo, mas nem ousei tocar no assunto.
Se os mestres assim diziam, assino embaixo e dou fé.
Só tenho a lamentar mais essa perda inestimável para a cultura brasileira.
Descanse em paz, Gilberto Braga.
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* Tema da minissérie Anos Dourados, de Tom Jobim e Chico Buarque.
O que você acha?