Ilustração: Arquivo Pessoal
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“3 dias de guerra: Israel faz cerco,
e Gaza tem colapso em hospitais;
Hamas ameaça reféns.“
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Escrevo por escrever.
Desesperançado, escrevo.
É a parte que me cabe.
Falo por mim – e pelo desalento que me invade ao ler as notícias do fim de semana.
Outra vez, na TV, a janela do mundo, cenas que nos fazem chorar.
O mundo pela janela. Em bombas, e estilhaços.
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Falo por mim. Sem me arrogar a porta-voz de quem quer que seja.
Refugio-me nas lembranças de tempos idos e vividos.
Havia um sonho.
Permitam-me corrigir.
Havia o sonho.
Aos menos, para nós: roqueiros, groupies, hipongas, descolados e afins, quase tribalmente, proclamávamos em alto e bom som lá pelos idos da década de 70 quando batíamos pelos arredores dos 20 anos:
Paz e Amor
Era o lema e a pedra filosofal.
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O sonho sonhado.
Chegar à Era de Aquarius.
A Era da harmonia, da fraternidade, da paz universal.
Acreditávamos – tola e ingenuamente talvez – nessa fraternal quimera.
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Nossa música, o cinema, o teatro, as manifestações de arte replicavam firmemente a tecla de um novo tempo, de liberdade e luz. Tempo em que as sombras do racismo, do divisionismo, dos preconceitos, do autoritarismo, da miséria e de tantas ignomías seriam extintas do convívio entre os iguais, erradicadas do Planeta Terra.
A evolução era – seria? – inevitável.
Na ciência, nas artes, no pulsar das mentes e dos corações, no entendimento entre as nações e os povos.
Mesmo que ainda houvesse tanto a fazer em nome desse Bem Supremo ainda naqueles anos, sabíamos da aridez das lutas, mas éramos otimistas – esperançosos – quanto a combater o bom combate.
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Havia o sonho, repito o que disse acima.
O sonho quase certeza.
O sonho de sonharmos juntos.
O sonho sonhado que -parece loucura dizer – sobrevive 50 e tantos anos depois.
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Falo por mim, reitero a fé nesse sonho/quimera que resiste.
Mesmo quando leio sobre os trágicos acontecimentos entre israelenses e palestinos, entre russos e ucranianos, entre irmãos nos confins da África ou mesmo entre nós num quiosque à beira-mar.
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Na virada dos setenta, penso que o amigo-leitor compreenda o tom da nossa conversa.
Eu e muitos de nós não estamos mais na linha de frente.
Natural, creio, o tom pesaroso, a desilusão.
Aos jovens de hoje, no entanto, deixo o alerta.
Acreditem no sonho de um mundo solidário, justo e que cultive a paz.
“Ninguém ganhou a última guerra. Ninguém ganhará a próxima.”
(Eleonor Roosevelt)
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Falo por mim.
Talvez a Humanidade tenha que esperar o próximo milênio, mas são irreversíveis as belas profecias do alquimista e poeta Ben Jor nesta canção, gravada em 1970 no disco Força Bruta.
Se pudermos antecipá-las, melhor…
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O que você acha?