Foto: U.S. National Archives and Records Administration
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Não sou um leitor assíduo de Hemingway.
Mas, o admiro.
Seus personagens – especialmente, os protagonistas – me causam estranheza, e alguma aflição.
Sempre vejo neles laivos autobiográficos do autor.
São invasivos, me parecem.
Logo se apoderam de nossos sentimentos.
Perturbam.
A sensação é que o próprio Hemingway nos põe em cena.
Algo assim como entrar em um labirinto permeado de luz e sombra
E seja lá o que o Destino quiser.
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Ao ler As Ilhas da Corrente, a primeira obra póstuma de Ernest Hemingway publicada após seu suicídio em 1961 (e lá se vão 60 anos!), lancei mão de um recurso (anotar alguns dos pensamentos que caracterizam o atarantado pintor, barqueiro e revolucionário Tomas) para basear a leitura e os próximos passos.
Inconscientemente, creio, já imaginava que, mais dia, menos dia, eu os transformaria em post.
Chegou o dia, meus caros.
Fiz uma breve seleção:
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Nem sempre os homens podem mudar de profissão como as serpentes trocam de pele.
Há de morrer jornalista quem uma vez foi jornalista.
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A felicidade é frequentemente descrita como chatíssima.
Explica-se.
As pessoas chatas são muito mais felizes.
Enquanto as pessoas inteligentes podem e, de fato, conseguem andar por aí a infelicitar a si mesmo e aos demais.
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O que se amou não pode continuar existindo se já morreu e desapareceu de nossas vidas.
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Tinha a moral de um aspirador de pó e a alma de uma caixa registradora.
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Não, não somos egoístas. Nós sempre nos amamos. Mas, cometemos erros.
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O tempo pode levar os fatos em si. Mas, nunca a lembrança de quem os viveu luminosa e intensamente.
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Ops…
Cabe duas observações:
Desconfio que tal pensamento deu origem – ainda que involuntariamente – ao título do meu recente livro O que o TEMPO leva…
Hemingway deixou mais de 300 manuscritos, entre obras acabadas e inacabadas, uma delas se consistia nos três volumes que viriam, juntos, a formar esse inquietante livro.
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O que você acha?