Agosto de 1968.
O mundo – e o Brasil – vivia(m) em ebulição.
Os jovens nas ruas. A vã ameaça de tomarem o poder – e mudarem o mundo.
Mudarem pra melhor.
Doce, meiga, tempestuosa ilusão.
Paz e amor.
De repente, não mais que de repente, de repenquente as rádios começam a tocar aquela linda, eloquente e derramada canção dos Beatles:
Hey, Jude, don’t make it bad,
take a sad song and make it better
Remember, to let her into your heart,
then you can start, to make it better.
(…)
Por mais que eu tente – e juro que tentarei – não sei como lhes explicar, caríssimos e incautos leitores, o nosso encantamento – ou delírio? – ao ouvi-la pela primeira vez e depois repetida e incessantemente.
Digo/escrevo “nosso encantamento”, pois me refiro aos jovens de então, apaixonados pelas canções de John, Paul, Ringo e George e todo o universo de mágicas e vãs conquistas que representavam.
Eram tudo o que imaginávamos/pretendíamos ouvir e viver.
(…)
Ao menos nós, jovens urbanos e suburbanos, remediados; de certa forma, ingênuos, inconsequentes – e, sobretudo, sonhadores.
É bem verdade que não entendíamos, com nosso macarrônico e caquético inglês, o que os versos da canção diziam plenamente.
Todos nos sentíamos o tal Jude – na origem, Julian, o filho de Lennon que o pai abandonara para viver com Yoko Ono.
Não sabíamos à época desta história.
Mas, como disse, víamo-nos como o motivo da canção.
Não importava qual fosse o nosso nome.
Valia o sonho.
(…)
E o recado era explícito, direto.
Hey, cara, não fique mal
Pegue uma canção triste e torne-a melhor
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração
Então você pode começar a melhorar as coisas
Verdade absoluta. É tolice deixar o mundo mais frio. Por isso aquele apoteótico final a celebrar os novos tempos, repletos de:
Na, na na na na na, na na na… Hey, Jude
Na, na na na na na, na na na… Hey, Jude
(…)
Lá se vão 50 anos…
Por onde você andava, hey Jude, que agora me lê.
Nossa, não era nascido(a)!
Tenha o nome que tiver… Tente me entender, resgate aquele sonho/luz – e seja feliz.
É a única e bendita obrigação que temos.
É tolice deixar o mundo ainda mais frio, e triste.
O que você acha?