Ops, ops…
Uma simpática leitora atendeu
à solicitação deste humilde escriba e
enviou sua contribuição ao nosso blog.
— Nada de nomes!, escreveu.
em tom imperativo.
Então, tá.
Vamos à história
sem nomes…
"Tenho uma Amiga que conhece
uma Moça que mora em uma fazenda
em uma cidade no interior do Estado,
onde esta Amiga também nasceu.
Pois bem…
Essa Moça namorava desde menina
um rapaz. Foram mais de 10 anos
de namoro com enxoval pronto e tudo.
Até o dia em que o rapaz foi
para outra cidade em outro Estado
porque decidiu ser cabo da Marinha.
II.
Mesmo distante, o namoro continuou
firme – quase que renovado por
essa coisa tola que
os apaixonados-nados-nados
chamam de saudades.
Quando ele chegava, era uma festa.
Vinha todo lindo, todo de branco e,
mais lindo ainda, era o sorriso da Moça
que ficava esperando
por ele o tempo inteiro.
III.
Mas, porém, contudo, todavia…
Como o mundo é o mundo,
e a vida é a vida…
Na roda do mundo e da vida, o moço
foi deixando de vir. Em seu lugar,
mandava uma ou outra carta. Explica-se:
eram outros tempos, sem emails,
celulares etc etc.
Um dia, ele parou de escrever.
E a Moça se transformou
em infinita tristeza.
Todos os dias, esperava a carta.
Corria ao encontro do Carteiro e,
como nada recebesse,
chorava sem parar.
IV.
Um dia o Carteiro tirou do bolso
uma carta e disse:
— É para você. Mas fui eu quem escrevi.
Conclusão: a Moça casou com
o Carteiro e vive feliz até hoje.
O marinheiro casou e descasou um monte.
V.
A filha da Amiga namorou o irmão
do marinheiro por muitos anos.
O irmão também era Oficial da Marinha.
Só que quando ele começou a viajar demais,
a Menina, que não é boba,
arranjou outro namorado.
O Oficial morreu de chorar porque jurou
que jamais faria com ela
o que o irmão fez com a outra.
Mas a Menina não quis saber.
Valeu a experiência.
V.
Mesmo porque a Menina se fez mulher
e casou-se com um pacato professor
universitário.E quem não
pára de viajar é ela.
É ‘executiva’ de uma multinacional
francesa. Passa uma semana
no Brasil e duas na Europa.
Mesmo com toda agitação, parecem felizes.
VI.
Essa vida é estranha, não?
Um dia ouvi a Menina que se fez mulher dizer:
— Pressenti que, embora marinheiros, a barca
de qualquer um daqueles dois era
furada e não me levaria a porto seguro nenhum."