Ralf, o volante corintiano, desapareceu por um dia e meio.
Ninguém tinha notícias do rapaz. Nem familiares, nem amigos, nem a imprensa.
O celular do moço dava fora de área.
Justo no dia em que o nome de Ralf apareceu na lista de convocados da seleção de Mano Menezes.
Algo sem jeito, mas nos trinques, hoje pela manhã o boleiro reapareceu no Parque São Jorge. Impecável no corte de cabelo cheio de gueregueres e combinando correntão no pescoço com medalhão e brincos a ostentar letra R em brilhantes.
Convém destacar que a segunda era folga da companhia corintiana. Até por isso ninguém tem nada a ver com o sumiço do rapaz. Que, diga-se, foi até educado nas respostas – evasivas, mas respostas.
Disse que dormiu esse tempo todo e, aos que o procuraram para felicitá-lo pela convocação, deu a velha e boa desculpa da bateria do celular que arriou…
II.
Um tanto pela figura de Ralf, outro tanto inspirado no post de ontem sobre Telê Santana, lembrei-me do caso do atacante Macedo, quando jogava no São Paulo.
Também ele passou horas e horas desaparecido.
Estava em um hair-center fazendo um complicado penteado que lhe dava uma imagem de cantor de reague. O drad que escorria pelos ombros.
Foi só se apresentar no CT para o treino que Telê acabou com a banca de pop-star do moço.
— Aqui, com essa cabeleira, você não.
Não houve discussão alguma.
E lá se foi o moço no barbeiro mais próximo raspar as longas melenas.
III.
Quem jogou bola na rua (sem juiz, portanto) ou na várzea, sabe da história.
Quando por algum motivo o jogo é paralisado, quem fica com a posse da bola deve recomeçar o jogo.
Simples assim.
Na célebre jogo Flamengo e Palmeiras, quando o juizão interrompe a partida para atendimento do flamenguista abatido, o becão lá deles dá um bicão para frente e a bola morre nos pés do Tinga.
Simples assim.
No bola ao chão, os flamenguistas alegam que a bola é deles.
Os palmeirenses entendem que não.
O juizão se omite. Não toma partido e sai de perto.
O resultado, todos viram – e ainda hoje discutem…
Simples assim.