Relato de Didu Nogueira aos jornalistas Antônio Veiga, Guilherme Reis e Vinicius Rodrigues, autores do livro-reportagem “João Nogueira – Ninguém Faz Samba Só Porque Prefere”.
Didu é sobrinho do grande cantor/compositor e assinou o prefácio da obra.
I.
“Lembro-me da decisão da Taça Guanabara de 1972 – Fla x Flu. Eu, com 10 anos de idade, sentado no colo dele e na torcida dele (que era flamenguista). O primeiro tempo acaba com um vergonhoso 4 x 0 para o meu Fluminense. Em 10 ou 15 minutos do segundo tempo, 4 x 2. E aí a esperança se renova até que o Flamengo fez o quinto gol. Eu, em prantos, levei um esporro do tipo: “Porra, sou campeão e não vou comemorar, pois tenho que te levar para casa nesse estado. Bem feito! Quem mandou achar que amor eterno pode ser trocado.”
II.
“Vagabundo é a imagem do cão, sentinela do diabo”.
“Pato novo não dá mergulho fundo”.
“Passarinho que acompanha morcego, acorda de cabeça para baixo”.
“Quem espera tempo bom é sertanejo”.
Essas eram algumas das dezenas de frases que João Nogueira tinha num repertório quase inesgotável de tiradas inteligentes e bem humoradas.
III
“Ainda muito novo, ao ver um grupo de desabrigados na rua, (João) não pensou duas vezes em pegar quase todo o seu salário – que ia para as mãos da mãe, Dona Neusa (mulher valente) – e comprar cobertores para aquela população de rua”.
IV.
“Não desistia. Se houvesse a mínima chance para que um quadro se revertesse, lá ia João, como um Dom Quixote suburbano, mudar o curso da história.”
* “João Nogueira – Ninguém Faz Samba só Porque Prefere” foi apresentado à banca examinadora como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista, e aprovado com nota máxima: 10.