Tenho minhas suspeitas sobre alguns possíveis mocholós ilustres.
“Você passa e não me olha
Mas eu olho pra você
Você não me diz nada
Mas eu digo pra você
Você por mim não chora
Mas eu choro por você”
Estão reconhecendo esses versos?
Isto mesmo são da canção Por Causa de Você, Menina – um clássico da MPB e da paixão mocholinesca. Creio que seu autor, Benjor, se questionado sobre, haverá de confirmar: é um mocholó convicto.
Um amigo de Benjor, Erasmo Carlos, também pertence à turma.
Querem ver?
“O meu melhor sorriso eu dei você não viu
Gritei seu nome mas nem assim você me ouviu
Por mais que eu faça não adianta
Você nem nota minha existência
E os dias passam correndo e de esperar vou morrendo
Vou acabar ficando nu para chamar sua atenção.”
Erasmo é o autor e intérprete de Vou Ficar Nu Para Chamar Sua Atenção, cujos versos dão evidentes sinais de mocholinite patológica. É notório o desvario do poeta/personagem.
Não é só a música que nos brinda com esses magníficos exemplos.
Olhem o caso do escritor Paulo Coelho. Li numa entrevista que, durante anos a fio, o autor de O Alquimista gravou o último bloco do Jornal da Globo. Só para colecionar o “boa-noite” da apresentadora de então, Lilian Wite Fibe.
Não há dúvida que se trata de uma maneira única de mocholinar. Com aspectos lúdicos e, quiça, religiosos que só o mago Paulo Coelho poderia perpetrar.
Aliás, não há o que se estranhar. Os literatos me parecem ser pródigos mocholonices. Mas, esclareça-se, Cervantes continua imbatível. Ele deu vida e graça ao Rei dos Reis dos mocholós: o intrépido, esquálido e triste cavalareiro andante Dom Quixote e seu imensurável amor por Dulcinéia, a musa imaginária e inalcançável.
Enfim…
Sobre o assunto talvez só falte acrescentar: ter a alma mocholiana é parte da essência de todo homem que se não é…. Ou foi ou será mocholó.