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Imparcial. Ser ou não ser…

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Foto: Reprodução

Relatos em blogs costumam ser pessoais, me diz a moça.

E pergunta em tom de provocação:

— É certo o jornalista fazer o mesmo (deixar de lado os princípios da profissão) e colocar seu ponto de vista em um site aberto assinado em seu nome?

Pode isso?

50 anos e tralalá de jornalismo – e olhem o desafio.

Sem problemas. Nada contra relatos pessoais.

Dois dos nossos maiores repórteres/cronistas, Rubem Braga e Joel Silveira, fizeram ‘relatos pessoais’ em muitas de suas reportagens. Iam além do registro dos fatos. É certo que não existia a ditadura dos manuais de redação, nem os noticiários, seja qual for a plataforma, eram “produtos mercadológicos”, com olhos atentos aos cliques e às pubis.

(Naqueles idos tempos, chamávamos efemisticamente de ‘informe publicitário’ – e odiávamos.)

O jornalista não é só um técnico.

É um baita equívoco pensar assim.

Conto histórias no blog – vividas e/ou levemente inventadas.

Um naco da realidade que registro no meu enfileirar de letrinhas.

Me arvoro a ser cronista – e gostam quando me reconhecem assim.

Quero, porém, fazer uma ressalva.

Há um equívoco comum nas pessoas quando falam de imparcialidade em jornalismo.

Confundem imparcialidade e isenção.

Nenhum jornalista consegue ser isento, neutro.

Quando o repórter escolhe o lead da matéria já está fazendo uma opção interpretativa.

Quando o editor escolhe o abre da página, idem.

Imparcialidade pressupõe análise, juízo, minha jovem.

O jornalista é imparcial quando aproxima a reportagem da verdade dos fatos que recolheu.

Por isso, são etapas essenciais a apuração, o ouvir todas as fontes possíveis e imagináveis, cobrir todos os ângulos da questão. Sem qualquer sombra de dúvida, esses momentos se sobrepõem ao refinamento do texto – que precisa ser claro, objetivo, organizado; muito mais do que literário.

Só após todo esse processo, doa a quem doer, será este o teor da matéria que levará à opinião pública.

Ser parcial é modificar essa verdade em benefício próprio ou de um grupo de interesses.

É criar fakenews para prejudicar este ou aquele, e favorecer quem lhe aprouver.

É sobrepor o individual o coletivo.

Jornalismo não é isso.

É a intransigente defesa do bem comum.

Dos princípios democráticos.

É ser toda e qualquer manifestação de autorismo, ódio e violência.

Nesse aspecto, caríssima, pautei minha vida profissional – e meus textos.

Não me arrependo.

*Texto inspirado no original de julho de 2009

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