Dias desses ouvi de um amigo que um bom remédio para espantar crises de baixa-estima era enviar emails para si mesmo.
— Como assim?
Perguntei espantado que sou meio lento para entender certas modernidades
Ele me respondeu sem mudar a modulação da voz.
— Vou lá escrevo o que penso e o que dispenso. Xingo, provoco e me invoco. Ponho os diabos pra fora. Aí, num outro momento, quando vou ler, percebo o tanto de asneiras que faria se me levasse a sério…
— E você responde para você mesmo?
— Não há uma regra geral. Às vezes, sim. Há assuntos que precisam ser mais discutidos. Outros, simplesmente deleto. Esqueço. Mudo o tom da conversa.
Na hora, achei engraçado. Mas, depois comecei a achar engenhoso o expediente de escrever para a gente mesmo. No mínimo, melhora o português.
II.
Hoje acordei com uma dúvida.
Que email eu mandaria a mim mesmo nesta quarta-feira chuvosa de dezembro?
Não ria, não.
É verdade.
Também pensei que fosse coisa de maluco. Mas, não é…
Quer dizer, espero…
III.
O mais grave é que não sei o que escrever para mim mesmo.
Mas posso tentar aqui e agora.
Para tanto, conto com a sua cumplicidade.
Vamos tentar…
IV.
Assim.
Posso falar do ano que se vai ou do ano que virá.
O que acha?
Posso também comentar esses tempos de confraternizações.
Ou de como me perdi nos desvãos da vida, ano afora.
Ando com o ego a precisar de um lustro. Por isso, poderia me arvorar a fazer um balanço do que fiz e relevar o que deixei por fazer.
Confesso, porém: minha vidinha de repórter vira-lata é sempre igual.
Faço que tudo mudo, pra nada mudar…
V.
Então, que tal uma retrospectiva dos fatos jornalísticos de 2007?
Seria de bom tom.
Impressionaria.
Mas, quem sou eu?
Um inofensivo Rubião sem herança, nem legado. Com amores e prosas que não se resolvem, mas me divertem. Os primeiros se esvaem assim como chegaram. As prosas vivem da promessa de um dia se transformarem em livros.
Um email para mim mesmo?
Que idéia é esta?
Serve, enfim, para transforma-lo no post de hoje.
VI.
Caríssimo leitor, não fique à espera de grandes revelações.
Nada há para ser dito ou redito.
Talvez sirva apenas de alerta para mim mesmo.
Hoje se encerra um ciclo e amanhã é o primeiro dia das férias, o que inspira uma (in)certa liberdade.
Pois ainda há uma lista de compromissos a saldar – pagamentos que não fiz, uns presentes que não comprei, duas ou três reuniões fora de tempo e até umas bebericações pela aí.
VII.
Quer saber?
Outra conclusão:
Não sei mais lidar com la dolce vita.
Por isso, fico diante do computador a teclar.
É isso…
VIII.
Em todo caso, sigo batucando minhas letrinhas, uma após outra.
Tudo para chamar atenção.
Digo olá.
Mesmo para quem me diz adeus.