Estranha e dolorosa coincidência, em 8 de março de 2002, o jornal Gazeta do Ipiranga trouxe uma reportagem da cantora, compositora e pesquisadora folclorista, Inezita Barroso, que, na ocasião, visitou uma faculdade na região.
Eu era o editor do semanário e, encantado com o relato da repórter que cobriu o evento, escrevi sobre a cantora, então com 77 anos, em minha coluna, Caro Leitor.
Soube hoje pela manhã que Inezita morreu ontem em São Paulo, procurei pelo texto e o reproduzo a seguir, como forma de homenagem e saudade:
(…)
A repórter Flávia Rodrigues voltou impressionada da reportagem com a cantora Inezita Barroso que visitou a turma da Terceira Idade da UniFai. Um dos pontos altos da apresentação foi a interpretação da tocante Romaria de Renato Teixeira, com uma não menos tocante participação da platéia no refrão: "Sou caipira, Pirapora, Nossa… Senhora de Aparecida ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida"
Sobre a mesa de trabalho as fotos mostram a intérprete de "Lampião de Gás" e apresentadora do "Viola Minha Viola" sorridente, abraçada ao violão, em estado de graça. Pensei no tempo que passa e parece nos escapar por entre os dedos (repare, já estamos em março e a impressão é que o ano mal começou). De uma forma sumária, refiz a carreira de sucesso de Inezita. Do quanto ela foi popular, das chances que teve de se manter em alta na mídia e do tanto que abriu mão para ser fiel ao estilo de música que gosta de cantar.
Foi natural a constatação de que raros profissionais de qualquer ramo de atividade conseguem tamanhas coerência e dignidade em sua história de vida e o quanto isso é gratificante. Faz bem para corpo e para alma, arriscaria dizer. Imagino ser bom demais poder olhar para trás, não ter do que se envergonhar e, assim, poder dizer: “eu fui protagonista dos meus sonhos e do meu ideário”.
Valeu, Inezita!