Ela volta hoje a este espaço
porque ontem sequer lhe apresentei
como determinam as regras da boa educação.
Sequer lhes disse o nome
da Garota de Cabelos Vermelhos.
É Isa. Isa, de Isabella…
De lá pra cá, Isa me mandou dois emails.
Um alegre porque gostou de ler aqui
sua história. Outro tristinho pelo motivo
mais trivial – e dilacerante – do mundo.
Ou seja, seu romance não anda
lá essas coisas – o namorado parece
distante; ela, sem nada entender…
E quando ela está assim assim –
lembram o que eu disse? – o tom do cabelo
vai ficando clarinho, clarinho. Além
do que, começa a desbotar a colcha
de retalhos que a menina
chama de FELICIDADE…
Ontem mesmo eu quis lhe responder.
Mas, estava muito cansado.
Muito cansado mesmo.
Mas, queria lhe responder…
Aí achei que estava exagerando
na importância que eu mesmo me dei
por imaginar que era o autor absoluto
da história. E o meu enfileirar
de letrinhas fosse capaz de dar
jeito em tudo e em todos…
É bem verdade que jornalista
acha que isso é possível. Mas, aqui,
não sou exatamente um jornalista.
Me considero um cronista que escreve
um blog, um modestíssimo blog
que sequer tem assunto e público certos.
Não esqueço, óbvio, dos meus cinco leitores…
Pensei:
"Ô meu, vai dormir, vai.
Que a mais bonita das garotas
de cabelos vermelhos deve estar
cuidando da vida. Quem sabe
o namorado não ligou – e já não há
qualquer problema."
Então, me ouvi. Coisa que não faço
costumeiramente. E lá fui eu…
Provavelmente já estava dormindo
de olhos abertos porque segunda é
sempre um dia daqueles.
Ah, que dia que é segunda!
Mas, vejam, lá no meio da noite,
madrugadão mesmo, acordei com
vontade de escrever. Assim,
com a primeira frase pronta…
"Isa, sabe o que significa a palavra
NAMORAR? Quer dizer, NO AMOR MORAR…
Olha que simplezinho que é."
Seria o caso de sair pela rua – você pode
que é jovem, bonita e de cabelo
vermelho; pois então seria
o caso de sair pela rua a gritar…
— Quem quer no amor comigo morar,
quem quer? Quem quer?
Não faltariam candidatos.
Mas, você veria que as pessoas
nada entenderiam. Achariam milhões
de outras coisas. Equivocadamente…
— Enlouqueceu…
— Vigê, tá no desespero…
— Cabelo vermelho? Maluquinha de tudo…
Enfim…
Sabe, Isa, as pessoas perderam o sentido
das coisas. O namorar é encantar-se mutuamente.
Mas, às vezes, a gente mesmo não
se dá conta disso. Quer aprisionar
e/ou ser aprisionado. Quer escravizar
e/ou simplesmente servir a alguém.
Quer o status que aquela pessoa
pode nos oferecer ou pertencer a um mundo
que não é o nosso. Quer ganhar sempre
e nunca perder.
Mas, no perigoso jogo do amor,
é da regra ganhar e perder.
E, não raras vezes, perder e perder…
Isto acontece quando deixamos de ser
nós mesmos para ser o que a pessoa quer.
Em outras palavras, transformamos
quem nos encantou em uma pessoa que
hoje nos chateia, desilude, oprime…
Vale o vice-versa…
Não é uma eqüação simples, Isa.
Mas, a gente complica muito…
Acho que não lhe ajudei nada, não é?
Mas, era mesmo para ressaltar
que o mundo anda confuso e triste
e a maior parte das pessoas reclama
do amor que tem e/ou do amor
que perdeu e/ou não encontrou…
A parte que sobra mente
ou finge ‘estar’ bem…
Olhe, este inofensivo escriba, um dia,
imaginou ter vivido todas as situações.
Porém há manhãs em que acordo
do avesso e nada entendo
do nada que sou e serei…
Aprendi, porém, que o importante é
não nos deixar abater porque não há nada
mais bonito que um promissor sonho de amor.
E essa busca precisa se renovar sempre.
Mesmo na manhã de uma segunda-feira.
Ah! que dia que é segunda…