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Isolda

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São Paulo – Isolda Bourdot, conhecida como “a compositora do Rei”, por ser a autora de “Outra Vez”, um dos maiores sucessos de Roberto Carlos, morreu aos 61 anos. Segundo seu perfil no Facebook, ela sofreu um infarto na noite de domingo (16).

Folha de S. Paulo, ontem.

Leio a notícia – e me fico triste.

A tal ponto que essa tristeza chega a me surpreender. Não sou tão próximo assim de Isolda. Sabia da existência dela a partir das canções que compôs. Sozinha ou em parceria com o irmão, o também cantor e compositor Milton Carlos – morreu ainda jovem, em 1976. Além da imbatível “Outra Vez”, as reportagens citam “Jogo de Damas”,  “Elas por Elas”, “Um Jeito Estúpido de te Amar” e “Pelo Avesso”, mas há outras, dezenas de outras.

Outros cantores de sucesso, como Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Wando e Maria Bethânia, também gravaram Isolda.

Se bem me lembro, no auge da indústria fonográfica no Brasil e ainda no embalo de sua obra prima, Isolda arriscou uma carreira de intérprete que mal consigo lembrar por onde parou – e se parou.

Desconfio que venha daí minha tristeza.

Tanto tempo na ‘estrada’ e…

Talvez eu devesse ter prestado mais atenção na obra dessa sensível autora.

(Certamente, ela merecia maior oportunidade.)

Talvez seja por que o desaparecimento, quase no anonimato, de Isolda só nos revela a quantas andam as músicas que hoje os meios de comunicação consagram massivamente.

Deixa pra lá.

Não é hora de entrar no mérito dessa questão.

Aproveito para lhes contar uma história que ouvi do próprio Renato Teixeira, também cantor/compositor dos bons.

Não foi exatamente com essas palavras que disse. Mas, juro que não fiz qualquer alteração na essência do relato.

Seguinte:

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, ainda era vivo e faria uma participação num desses grandes shows que animam o verão nas capitais nordestinas. Ele e sua sanfona encerrariam a noite em magnífico estilo depois que uma leva de outros artistas se apresentou numa maratona de música e alegria.

Renato Teixeira era um desses nomes. Fez sua apresentação e terminou cantando, como de costume, a lindíssima “Romaria” e saiu do palco muito aplaudido

Ainda sob efeito da manifestação carinhosa do público, Teixeira topou com Gonzagao na coxia pronto para entrar em cena.

Timidamente, o cumprimentou e, antes de lhe desejar uma boa apresentação, viu o rosto do Mestre se iluminar em um largo sorriso para lhe dizer:

– Parabéns, meu rapaz. A canção é linda. Aonde quer que você for, vida afora, ela irá com você. É a sua “Asa Branca”.

De tão emocionado, Teixeira nem sabe o que respondeu.

Ainda hoje, quando canta “Romaria” e vê a reação da plateia, ele lembra as palavras do Rei Gonzaga e lhe dá total razão.

Caríssimos leitores, não são muitos os autores que têm este privilégio. Ter uma composição que se faz eterna. E que, por tabela, eternize o próprio autor.

A compositora Isolda Bourdot faz parte deste seleto grupo.

A bela “Outra Vez” foi gravada em 1977 e, desde então, passou a ser marca registrada de Isolda e, por que não?, do próprio Roberto.

Como não se fazer eterno quem criou versos que de tão reais parecem fazer parte da  alma e da memória de cada um de nós:

“Das lembranças que trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim… o
utra vez”

Quer ouvi-la?

 

Foto: do Facebook de Isolda.

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